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‘Temos os mesmos valores: fé, família, trabalho’, diz Cody Johnson sobre country e sertanejo

Atração internacional da Festa do Peão de Barretos, cantor americano ganhador do Grammy em 2023 mostra, em entrevista ao ‘Estadão’, que ‘jeito boiadeiro’ é universal

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Foto do author Damy Coelho
Cody Johnson é atração da Festa de Barretos deste ano Foto: Cody Johnson / Divulgação Warner

“É mentira se eu disser que não penso em você...”. No primeiro momento, quem ouve pode pensar que os versos do cantor country Cody Johnson são destinados à mulher amada. Mas a grande musa do repertório do artista é outra: a vida no rodeio. É esse lifestyle, enfatizado em faixas como Dear Rodeo, que Cody vai apresentar ao Brasil pela primeira vez, no palco da Festa do Peão de Barretos, no sábado, 24.

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Cody Johnson tem 37 anos, mais de uma década dedicada aos rodeios e à música. Lançou seis álbuns independentes até ser descoberto por uma gravadora e ver a vida mudar. Hoje, lota estádios e emplaca hits, como a própria Dear Rodeo, além de Dirt Cheap, Human e Til You Can’t, vencedora do Grammy de Melhor Música Country de 2023. O repertório do texano resgata o outlaw country setentista de Willie Nelson com uma dose de rock de arena.

Em entrevista por vídeo ao Estadão, Johnson comenta a expectativa de tocar no País e a curiosidade para ouvir o sertanejo que, assim como o country nos Estados Unidos, é sucesso popular - novamente, foi eleito o gênero musical mais ouvido pelos brasileiros no streaming, segundo ranking da Pro-Musica.

Jeito de cowboy

Conto para Johnson que há muito em comum entre o sertanejo e o country, que são trilha sonora dos rodeios, cada qual em seu país. Ele confessa não conhecer muito de música brasileira, mas concorda com a afirmação. Apesar das diferenças melódicas - o country tem a guitarra e o banjo como instrumentos fortes, enquanto o sertanejo foi aos poucos substituindo a viola pelo violão - há uma semelhança incontestável, em sua opinião.

“A língua é diferente, os instrumentos... mas as músicas transmitem o mesmo sentimento”, disse ele, referindo-se a um romantismo exacerbado presente na melodia - outro aspecto que parece universal, seja para o “cowboy” ou para o “peão”.

O cantor explica: “Sabe, todos nós, quando pegamos num violão pela primeira vez, é principalmente para impressionar uma garota (risos)”.

A velha cantada parece ter dado certo: Cody Johnson está há 17 anos com mesma companheira, Brandi Johnson, com quem tem duas filhas. “Quando quero escrever algo mais romântico, é nela que penso”, declara.

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A família, inclusive, é aspecto crucial na vida do cantor, e conciliar os papeis de marido, pai e astro country vem sendo um desafio. “Não consigo sair de casa sem uma equipe de segurança me acompanhando. Todo mundo acha isso glamoroso, mas não é. Tem horas que você só quer sair para tomar lanche com sua filha”, desabafa.

Tenho uma vida bem normal. Trabalho no meu rancho, treino meus cavalos, tento ser o melhor pai e marido possível. É quase como virar uma chavinha: ‘agora eu sou o ‘astro country’, ‘agora posso ser só um cara comum’

Entre Barretos e o Texas

O álbum do cantor, Leather, de 2023, já entrega a atmosfera da vida de peão: ele estava trabalhando em seu rancho e, vendo as mãos cobertas de suor e sangue, pensou que a imagem representaria bem a mensagem de sua música. Chamou um amigo fotógrafo e eternizou o momento, que acabou se tornando a capa do disco.

Durante a entrevista, Cody enfatiza que a rotina no campo e os rodeios são fundamentais em sua vida. “Quando me contaram que eu tocaria na maior festa de rodeio do Brasil, fiquei bem animado! Sou um cara que veio dessa realidade...”. Nessa hora, ele vira a câmera e mostra uma armário lotado de troféus de quando disputava em rodeios - muitos em forma de fivela, assim como acontece aqui.

Por isso, Cody Johnson está animado para conhecer mais sobre o “jeito de cowboy” brasileiro. Um pouco, ele já sabe, já que tem como ídolos os boiadeiros Adriano Moraes e Silvano Alves.

Ser um cowboy é a mesma coisa em qualquer lugar do mundo. Temos os mesmos valores: fé, família, trabalho. Amamos muito, trabalhamos duro

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Além da tríade “fé, trabalho e família”, as semelhanças entre o peão, daqui e de lá, vão além.

Música e política

Assim como astros sertanejos, ele vem se posicionando politicamente. A diferença está no pensamento moderado diante de uma situação que pode aflorar extremismos. No dia seguinte após nossa conversa por ligação de vídeo, ocorreu o atentado a Donald Trump na Pensilvânia. Durante um show em Chicago, dirigiu-se ao público para repudiar o que aconteceu: “Está insatisfeito com a situação do país? Então vote”, disse, incentivando a mobilização política dos fãs em um país onde o voto não é obrigatório.

O cantor também criticou a polarização política dos Estados Unidos. “Estou cansado disso. Cansado desse ódio, dessa divisão”, afirmou. “Sei que tem pessoas aqui que concordam com Trump, outras concordam com Biden. Pois, adivinha só? Esse é o direito americano dado por Deus de acreditar no que quiser”, disse.

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