Como cantor de rock e de samba, Paulo Silvino deixou sua marca na música popular brasileira

Artista participou do disco 'Nova Geração em Ritmo de Samba', com nomes como Claudete Soares, Eumir Deodato e Altamiro Carrilho, entre outras investidas musicais

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio

Conhecido como cômico de TV, muita gente não sabe é que Paulo Silvino teve começo de carreira artística como cantor de rock. Com o nome artístico de Dickson Savana, chegou a gravar disco pela Chantecler. 

Depois, no início dos anos 1960, gravou outro, o LP Nova Geração em Ritmo de Samba, com o nome de Silvino Júnior, e cinco músicas - Guerra à Bossa, Vestígio de Saudade, Ursinho Dodói, Éramos Três e Copacabana sem Você. Quem também participa do disco? A grande Claudete Soares, com A Fábula que Educa. Os arranjos são de Eumir Deodato e bambas como Altamiro Carrilho e Durval Ferreira estão nos créditos. Silvino, muito criativo, introduziu nesse disco um certo “Quarteto da URSA”, parodiando a famosa União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a então poderosa URSS. URSA queria dizer “União Reabilitadora de Samba do Asfalto” e interpreta a canção Tristeza de Nós Dois

O humorista em 'Satiricon', em 1974 Foto: TV Globo

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O contexto musical da época era o seguinte: havia a Bossa Nova. E havia o pessoal que gostava do samba e achava que a renovação da Bossa Nova era legal, mas o tinha deixado muito elitista e pouco dançável. Nessa fresta entra o chamado Sambalanço, no qual pontificam figuras como Orlandivo e Ed Lincoln. 

Olandivo era cheio de swing e compunha com onomatopeias engraçadas (“Samba blim, blim blau, tamanco batucando no quintal” ou “Sentado na calçada/de canudo e canequinha/tublec tuplim/eu vi um garotinho/tublec/tuplin, etc”). 

Paulo Silvino, amigo de mocidade, era seu parceiro. Um dia compuseram uma música chamada João e Maria e a mostraram numa noitada na casa do produtor Carlos Imperial, famoso pela moral flexível e suas festas de embalo. No dia seguinte, Orlandivo se encontrou com Roberto Carlos na gravadora Polydor e o futuro “Rei” lhe disse que ia gravar uma música chamada João e Maria. “Mas como você a conhece?”, espantou-se Orlandivo. “Ora, é do Carlos Imperial e ele me deu para gravar”, respondeu Roberto.  (Na verdade, a música era outra, Imperial havia pirateado o título.) 

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A partir de então, Orlandivo proibiu Silvino de ir às festas do Imperial depois de haver composto alguma música. “Você fica entusiasmado e aí acaba entregando o ouro para o Imperial”. O episódio está contado no ótimo livro Sambalanço, a Bossa que Dança, de Tárik de Souza. 

Essa fase passa rápido na carreira de Silvino. Logo começa a fazer teatro, escreve e atua na peça Anjinho Bossa Nova. Cria o personagem Tito Gastão, que o leva para a TV Rio em 1965. Daí para o sucesso na Globo com Faça Humor Não Faça a Guerra e Planeta dos Homens foi um passo. 

E o resto é história. Mas, nessa história, Silvino também deixou sua marca na música popular brasileira.