Djavan entrevista Samara Joy: ‘O que o Grammy mudou em sua carreira?’

Nova estrela do jazz, que venceu Anitta na premiação, também faz perguntas para Djavan; os dois se apresentam em diferentes palcos de São Paulo no fim de semana

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Foto do author Danilo Casaletti
Atualização:

Djavan, 74 anos, músico, cantor e compositor brasileiro. Samara Joy, 23 anos, cantora e compositora norte-americana de jazz, vencedora do Grammy 2023 na categoria Revelação do Ano, derrotando a brasileira Anitta. Ambos, atrações deste fim de semana na cidade.

A pedido do Estadão, os artistas trocaram perguntas. A música, claro, foi o tema principal. Confira como foi o bate-papo realizado à distância.

Samara Joy recebe seu prêmio de melhor álbum de jazz vocal no Grammy 2023 Foto: Chris Pizzello/AP

Djavan pergunta para Samara Joy

Fiquei muito feliz em saber que você tem cantado Flor de Lis (música composta por Djavan) em sua turnê. Como é sua relação com a música brasileira?

(Flor de Lis) É uma música tão linda! Conheci a música brasileira pela primeira vez há alguns anos, quando estava na faculdade. As letras e melodias distintas dentro do gênero continuam a ressoar em mim até hoje.

Quais são suas maiores inspirações na música mundial?

Minhas maiores inspirações vão de Duke Ellington e Sarah Vaughan a George Duke e Lalah Hathaway a artistas da Motown e Philly Soul.

Você é muito jovem, mas já é reconhecida como uma das grandes vozes do jazz. Qual a importância do gênero na sua formação musical?

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O jazz me permitiu explorar completamente todos os lados da minha identidade musical. Embora eu tenha crescido ouvindo uma variedade de artistas, nunca senti que me encaixava em uma faixa ou gênero específico. Os aspectos de improvisação e colaboração dentro da tradição do jazz, combinados com minha formação musical, é tudo que eu precisava para sentir que minha voz pode brilhar de várias maneiras.

Quais são os nomes que você admira na nova cena do jazz? E na música como um todo?

Há muitos músicos frequentando os clubes de jazz da cidade de Nova York. Tenho colaborado intencionalmente com meus colegas na cena ultimamente - bateristas como Evan Sherman, trompistas como Jason Charos e Don Austin e pianistas como Luther Allison e Cameron Campbell. Quanto à música como um todo, admiro Cécile McLorin Salvant, Christian McBride e Jazzmeia Horn.

Você acaba de ganhar dois Grammys. Parabéns, aliás! Quais foram as mudanças mais marcantes em sua carreira após a premiação?

Muito obrigado! Acho que a mudança mais perceptível teria que ser a quantidade de novos apoiadores que se juntaram a mim nessa jornada. Acho que nunca vou me ajustar totalmente a toda essa atenção, mas é bom saber que as pessoas gostam do que faço.

Djavan estreia show em São Paulo Foto: Marcos Hermes

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Samara Joy pergunta para Djavan

Você tem uma memória ou experiência musical favorita ao olhar para trás de sua incrível carreira?

Eu lembro que eu tive várias experiências muito importantes no início da carreira que me trouxeram até aqui com uma música bastante pessoal. Por exemplo, o fato de eu ter conhecido muito cedo uma diversidade rítmica de gêneros como o jazz, a música brasileira de um modo geral, a música africana, o flamenco...Todas essas ideias musicais foram descobertas que ocorreram muito cedo na minha vida, ainda no início da adolescência. Isso me levou a formatar uma música tão diversificada quanto a que eu faço.

Quem você ouvia enquanto crescia?

Eu ouvia tudo no início. Mas quem realmente me fez começar a pensar em fazer uma música que tivesse esse leque de informação bem diverso foram exatamente Luiz Gonzaga e Beatles, passando por Bossa Nova, música africana e músicas brasileiras, como as canções nordestinas. Essa diversidade que eu tive nesse período foi muito importante.

Você gosta de se apresentar nos Estados Unidos? Como nós americanos somos diferentes do público brasileiro?

O público é bem diferente. Entretanto, essa diferença aparece cada vez menos porque o público brasileiro, que vive nos Estados Unidos, é grande, embora os americanos também frequentem os meus shows por lá. Então, eu tenho sempre esses dois públicos para alcançar. E ainda tem muitos latinos e europeus. O público que busca música brasileira hoje é cada vez mais diverso. E eu gosto muito disso.

Como é seu processo de composição?

No meu processo de composição, a informação musical que eu tive quando descobri a música, quando essa nem era ainda a minha profissão, foi determinante. Na hora de compor eu privilegio essa diversidade para formatar uma música que esteja acontecendo no momento que estou compondo. Ou seja, eu nunca observo nada que ninguém tenha feito para tomar como base. Eu busco as informações que eu tenho na vida e delas eu tiro o essencial para formatar uma música de cunho pessoal. E a minha música é vista hoje com muita personalidade, exatamente por esse processo.

Como foi trabalhar com Stevie Wonder?

Trabalhar com o Stevie Wonder foi uma alegria enorme. Ele é um músico extremamente fantástico! Foi uma alegria saber que ele já conhecia alguma coisa do meu trabalho, quando eu fui gravar Samurai com ele. Foi um momento glorioso. Ele estava tão à vontade com a gente que tocou piano e começou a cantar Cole Porter. Ele falou ‘ah, eu compus uma música esta semana’. E começou a tocar Overjoyed (música lançada por Wonder em 1985) . Foi um momento de muita descontração e beleza.

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Onde assistir Djavan e Samara Joy em São Paulo

Djavan

Turnê D

Hoje (19) e sáb. (20), 22h30

Espaço Unimed

R. Tagipuru, 795, Barra Funda https://bit.ly/djavanturneD

Samara Joy

Dom. (21), 21h

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Dentro da Programação do C6 Fest

Auditório Ibirapuera

Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº , Ibirapuera https://bit.ly/samarajoynoC6

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