Drik Barbosa lança primeiro EP, 'Espelho', pelo selo do Emicida

'Espelho' tem cinco faixas e sai pelo selo Lab Fantasma

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Pouco ativa no Twitter desde que deixou a Casa Branca, Michelle Obama, agora ex-primeira-dama dos Estados Unidos, voltou, emocionada, à rede social, ao assistir a Pantera Negra, o primeiro filme com um herói negro do gigantesco estúdio Marvel.

“Por causa de vocês, jovens finalmente poderão ver super-heróis que se parecem com eles numa tela grande (...). Sei que isso vai inspirar pessoas com as mais diferentes origens a ir a fundo para encontrar a coragem de serem heróis nas suas próprias histórias”, escreveu. 

Cantora e rapper Drik Barbosa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Nessas histórias, as cifras podem variar, serem menores, e os nomes, menos pomposos. O rap, durante os anos 1990, 2000, não frequentava os grandes festivais, tal qual o Lollapalooza, cujas edições recentes exibem um crescimento no número de atrações que habitam a cultura hip-hop – na edição de 2018, por exemplo, são seis.

“Era algo que tocava na minha quebrada, mas que hoje chega a mais gente”, avalia a rapper Drik Barbosa. Hoje, o rap chega às massas. “E isso é importante.” 

Figura em ascensão na cena, ela percebe a própria voz embaralhar ao falar da também rapper Stefanie, que é uma referência na história do rap nacional. Tinha 15 anos quando ouviu Stefanie rimar em Porque Eu Rimo, uma faixa do disco do MC Kamau. Drik queria ser uma MC, também, mas faltava algo: faltava se sentir representada ao microfone para ganhar coragem.

“Minha escolha de vida, meu prazer inexplicável / Rimar é crer pra mim que ainda existe esperança / É a arte marginalizada que quer ver mudança”, rimava Stefanie, na faixa. “Quando ouvi aquilo que ela dizia”, explica Drik, “percebi que era o que queria fazer também”. 

É a tal representatividade, afinal, tão fundamental. E não é que o rap nacional não tenha, na sua história, vozes femininas, nas rimas ou nos backing vocals. A questão está na quantidade e no espaço de destaque delas.

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“O trabalho de Sharylaine (outra pioneira, que lançou um grupo de rap só de mulheres chamado Rap Girl’s, em 1986) era incrível, mas não chegava com a mesma frequência que os Racionais MC’s”, relembra. “Quando eu ouvi Stefani, me identifiquei com a forma de ela se expressar. Pensei: ‘Se um dia eu fizer rap, vai ser assim’.” 

As duas, Drik e Stefanie, integram o coletivo Rimas & Melodias, uma reunião de rappers, cantoras e DJ, criado sob o tema cantado pelo grupo “juntas, somos mais fortes”. Agora, solo – embora nunca sozinha, como diz a música do Rimas –, Drik está pronta para assumir seu papel na representatividade. 

Cantora e rapper Drik Barbosa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A rapper de 25 anos agora quer retribuir. Coloca na rua Espelho, o EP de estreia solo dela, com versos sobre si, suas lutas, seus amores e saudades, na esperança de que, tal qual como ela, uma garotinha de 15 anos se perceba nela. “Não quero que seja um reflexo só meu. Quero que as pessoas se vejam nesse disco também.”

Pode rir, pode chorar

A sessão de fotos de Drik Barbosa para o Estado foi interrompida, de súbito.

“Ai, que orgulho, que linda”, disse, em voz alta, a moça que recepciona os visitantes do Laboratório Fantasma, escritório e agora gravadora de Emicida e Fióti, local também escolhido para que a rapper e cantora pudesse conversar sobre Espelho, seu primeiro EP solo, lançado nesta sexta-feira, 16.

O rosto da jovem enrubesceu, Drik riu e o silêncio quebrado só pelos cliques da máquina fotográfica nunca mais voltou – ainda bem. Mais solta naquela tarde chuvosa de segunda-feira, 12, Drik confessa o desejo de assistir ao show do norte-americano Anderson .Paak, na próxima terça, 20, no Cine Joia, em São Paulo. Confessa, também, estar ansiosa para a chegada do trabalho, quatro dias após aquele encontro. 

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É, afinal, o primeiro projeto dela envelopado em um conceito, já que, antes, havia somente lançado singles, gravado com outros artistas e criado um disco com o coletivo Rimas & Melodias, um grupo de cantoras, rappers e DJ. Do time do Rimas, ela “pegou emprestada” Stefanie, uma das suas principais referências no gênero, para participar da faixa título, que abre o EP. 

Querida no meio, de sorriso fácil e dona de um flow que pode ser transformado em canção, flanando entre o combate e o amor, Drik Barbosa entende que Espelho é o pontapé inicial na carreira dela, de fato, embora já tenha gravado com artistas como Projota, Marcello Gugu e, principalmente, Emicida, o atual “patrão”. Com ele, participou da trilha sonora da animação O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, e cantou em Mandume, do disco Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, de Emicida

“Tenho a impressão de que, em dez anos, as pessoas vão procurar o início e vão achar esse EP”, ela explica. “Então, eu precisava que ele soasse do jeito que eu gostaria.” Para isso, ela se uniu ao produtor Grou, que assina a direção musical e visual do EP e companheiro de projetos anteriores – ele trabalhou com o Rimas & Melodias.

Espelho é Drik em cinco de suas faces. Há espaço para o amor (na balada Inconsequente), para o baile (Melanina, com a participação de Rincon Sapiência), para o combate (Camélia). “Foi importante que esse EP só saísse agora”, ela diz. “Eu precisava me preparar, me entender artisticamente e pessoalmente, também.” 

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