Entenda o que é o MTG: gênero absorve hinos do pop e os transforma em funk e até forró

‘MTG Quem Não Quer Sou Eu’ foi a música mais escutada do Brasil por três semanas seguidas no Billboard Brasil Hot 100

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Por Maria Luiza Valeriano
Atualização:
DJ Topo, criador da música mais escutada do momento, MTG Quem Não Quer Sou Eu Foto: Augusto Wyss

Cravada na primeira posição entre as músicas mais ouvidas do Brasil das últimas três semanas está a canção Quem Não Quer Sou Eu, de Seu Jorge. No entanto, não é a versão lançada em 2011 que voltou ao topo das paradas de repente, mas, sim, uma criação que mistura o funk com batidas eletrônicas e recortes criativos que quebram barreiras de gêneros: o MTG Quem Não Quer Sou Eu.

Lançada há menos de dois meses, a faixa conta com mais de 81 milhões de execuções no Spotify. Criada em poucos minutos pelo DJ Topo e com participação de MC Leozin, MC G15 e, claro, com a voz icônica de Seu Jorge, a música logo chegou aos vídeos virais no TikTok.

Mais de 300 mil conteúdos foram publicados com a música na plataforma. A partir daí, foi um sucesso.

Quem é DJ Topo?

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DJ Topo, ou Thiago Toporcov, não é o primeiro da família a ter uma carreira explosiva na música. Diferentemente do tio, o pai e o avô, mais próximos do samba e pagode, o jovem optou por aprender a tocar guitarra aos 10 anos.

Aos 13 anos, foi na primeira festa adolescente, onde teve contato com a música eletrônica. “Isso mudou a minha cabeça totalmente”, conta.

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As influências da música eletrônica são claras nas produções do DJ, que credita artistas como o Vintage Culture, Cat Dealers e Alok como grandes inspirações. No funk, DJ GBR, DJ Arana, Mu540, WS da Igrejinha e Gordão do PC são apenas alguns nomes cujo trabalho é acompanhado por Thiago.

A proximidade com o MTG ocorreu justamente por conta da abertura que o gênero proporciona para brincar com outros tipos de música e contar com participações de artistas diversos.

Afinal, o que é MTG?

A sigla significa “montagem” e é prática comum no funk, um gênero tradicionalmente experimental ao unir influências de diferentes estilos.

Assim, a ideia é que o MTG descreve a própria forma de produção das músicas, criadas a partir de colagens de uma ou mais músicas. Juntas, elas se transformam em uma sinfonia de referências diversas.

O gênero, no entanto, não se prende às músicas em português. Há remixes populares baseados em produções de artistas como Billie Eilish - Chihiro, do novo álbum da artista (Hit Me Hard and Soft), por exemplo, conta com uma série de MTGs que somam mais de um milhão de usos no TikTok.

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No YouTube, é possível encontrar diversas versões desta música, inclusive uma que envelopa a balada de Billie Eilish com a sanfona e o triângulo do forró. A combinação ótima, como se faixa fora sido originalmente pensada para dançar agarradinho, no dois-para-cá-dois-para-lá.

Sucesso no Brasil

No Brasil, o hit número um das paradas até a semana anterior à publicação desta reportagem foi MTG Quem Não Quer Sou Eu. “Já tinha essa ideia na cabeça, então sentei e produzi. Em 15 minutos já tinha uma prévia de 20 segundos”, contou o responsável pelo hit, que agora está na segunda posição.

DJ Topo, assim como quase todos os outros, usa o TikTok como termômetro das produções, lançando prévias de alguns segundos e medindo o sucesso para então finalizar a produção.

“Não esperava que fosse bombar. Achava que tinha potencial, mas foi tudo muito rápido. Viralizou no primeiro dia e, quando lançamos mesmo, já entrou no Top 50. Foi bizarro”, relembra.

Embora popularizado em Belo Horizonte, o MTG também é produzido por uma série de artistas de outros estados, como o DJ Arana, de Itaquaquecetuba, no interior de São Paulo, que emplacou o sucesso de 2023, Montagem anos 2000.

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Note que DJ Arana optou por usar “montagem” para não ser confundido com as produções mineiras.

Outros sucessos do gênero que entraram entre as 10 mais escutadas são MTG Forró e Desmantelo e MTG Quero Ver Se Você Tem Atitude.

Sem se impor limites, o MTG explora os hits da música pop, como se fizesse a própria antropofagia: absorve refrãos, versos, vocais e fraseados e os transforma e os adapta à brasileira, com arroz, feijão e um pouco de molejo. Nada mais pós-moderno.

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