Espetáculo reúne óperas inspiradas em Chekhov no Teatro São Pedro

Entre elas está uma nova obra, ‘O Canto do Cisne’, com música de Leonardo Martinelli e texto de Livia Sabag, que assina a direção

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Foto do author João Luiz Sampaio

Já se passaram mais de dez anos desde que o olhar de Livia Sabag se voltou para O Canto do Cisne. Adaptar o texto de Chekhov sobre um ator que dedicou sua vida ao palco e começa a refletir sobre o passado lhe interessou por alguns motivos. O primeiro deles, a imagem de seu tio, o ator Fabio Sabag.

Eliane Coelho e Mauro Wrona contracenam no espetáculo 'O Canto do Cisne', em cartaz no Theatro São Pedro. Foto: Heloisa Bortz

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“Eu via muito o meu tio naquela história”, ela conta. “O questionamento de alguém que, no final da vida, procurava entender se tudo havia valido a pena: era uma discussão interessante sobre o passar do tempo, sobre a maturidade do artista, a necessidade de lidar com as dificuldade impostas pela carreira, mas também de reconhecer o que ela trouxe de maravilhoso.”

O texto ficou na gaveta até que, no final de 2020, a diretora procurou o compositor Leonardo Martinelli. E se fizessem dele uma ópera? O maestro Gabriel Rhein-Schirato logo chegou ao projeto; a soprano Eliane Coelho, uma atriz em vez do ator do original; e o tenor Mauro Wrona, para interpretar o papel do Ponto.

Um ano e meio depois, O Canto do Cisne chega, enfim, ao palco, com récitas nesta quinta, 18, amanhã, sábado e domingo, no Teatro São Pedro. Não estará sozinha. Antes, será apresentada Palestra Sobre Pássaros Aquáticos, do compositor Dominick Argento, também inspirada em Chekhov, mais precisamente em Os Males do Tabaco.

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A soprano Eliane Coelho noespetáculo 'O Canto do Cisne'. Foto: Heloisa Bortz

São histórias que, de certa forma, se aproximam. Na obra de Argento, o protagonista (que será vivido por Lício Bruno) é um homem que se sente amarrado, oprimido, enquanto reflete sobre sua vida. Mas há também diferenças. “Na Palestra, não há saída. Mas, em O Canto do Cisne, a atriz se reconcilia com a arte. E achei importante e bonito, no momento em que vivemos, falar da importância da arte e do artista.”

Segundo Livia, a criação da ópera se deu em um contexto colaborativo muito importante, ela acredita, para o universo da ópera. “Houve desde o início uma discussão de ideias, reflexões e trocas. Cada um soube se colocar no lugar do outro, deixar o outro entrar no seu espaço. A Eliane, por exemplo, é também autora do texto, assim como muito da música surgiu de suas sugestões”, ela diz. 

Mesmo nos ensaios, o princípio seguiu vivo, com acertos na prosódia, no texto, na música. São desafios, mas também possibilidades. A criação de algo novo, segundo a diretora. 

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