Exposição ‘Tina Turner: Uma Viagem para o Futuro’ passeia por todos os tempos da cantora

Com mais de 100 fotografias, mostra do MIS destaca momentos raros e o pioneirismo da cantora que virou um ícone do pop rock

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Foto do author Danilo Casaletti
Atualização:

Há dois pontos-chave para se entender a exposição Tina Turner: Uma Viagem para o Futuro, inaugurada no início do mês e em cartaz até 9 de julho, no Museu da Imagem e do Som (MIS). Tina Turner morreu nesta quarta-feira, 24, aos 83 anos. Um deles aparece antes mesmo de o visitante acessar a mostra, no primeiro andar do prédio. Em um reduzido espaço expositivo, à esquerda da entrada do museu, uma pequena mostra conta a história da fotografia, a partir de itens do acervo do museu. Nela é destacada a importância do registro fotográfico desde o final do século 19 e como ele pode nos ensinar a enxergar além do trivial.

Exposição sobre a obra e vida da cantora americana Tina Turner no MIS (Museu da Imagem e do som) Foto: Taba Benedicto/Estadão

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Essa observação inicial é necessária já que a exposição sobre Tina é essencialmente de fotos, embora conte com um ambientação contemporânea, em um mundo em que cada vez mais as pessoas buscam experiências e cenários “instagramáveis”. É por intermédio das imagens registradas por quatro profissionais – Bob Gruen, Lynn Goldsmith, Ian Dickson e Ebet Roberts – que o visitante terá a oportunidade de chegar à essência de Tina Turner, artista e mulher.

A foto que dá as boas-vindas é em preto e branco e foi feita por Gruen na década de 1970. O olhar de Tina, fora do palco, com o corpo coberto por um casaco de frio e óculos de sol levantado à cabeça, flagra uma mulher que passava por um transformação pessoal e artística que eclodiria na década seguinte.

Ainda casada e com a vida artística ligada ao músico e produtor Ike Turner, Tina, à época já um nome importante do R&B, começava a compor, se convertia ao budismo e lançava seu primeiro disco solo de carreira, Tina Turns the Country On, com versões de canções do country e folk, de 1974.

Quatro anos depois, Tina se separaria de Ike – e apenas décadas mais tarde revelaria que fora, por anos, vítima de violência doméstica. Em carreira solo, Tina voou mais alto ainda.

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ÍCONE. Rainha do rock, com sua voz potente e grave, mas também um ícone pop – e tudo que esse título carrega –, faz grandes turnês pelo mundo, tem músicas no topo das paradas de sucesso e é símbolo na moda e presença no cinema. Como dissociá-la da canção We Don’t Need Another Hero, do filme Mad Max 3, Além da Cúpula do Trovão, por exemplo?

Aí está, portanto, o segundo ponto de compreensão da exposição. Tina foi e ainda é, mesmo depois de ter se despedido dos palcos há quase 15 anos, um referencial do universo musical pop até os dias de hoje. Não à toa, antes de se retirar de cena, fez uma espécie de passagem de bastão para Beyoncé, em uma apresentação que fizeram juntas na cerimônia do Grammy, em 2008.

Para a jornalista e apresentadora Adriana Couto, que divide a curadoria da exposição com o ecossistema criativo Mooc, a cantora não seria o sucesso que foi e não teria essa identificação com a geração atual se não tivesse rompido muitos padrões, inclusive o de ter feito sucesso após os 40 anos, com o álbum Private Dancer, lançado em 1984, quando Tina estava com 45 anos.

A curadora Adriana Araújo posa ao lado de uma de suas fotos prediletas da exposição Foto: Taba Benedicto/Estadão

“As discussões que Tina trouxe são as de hoje. Estamos falando de violência contra a mulher, o machismo na indústria da música e o etarismo”, diz Adriana ao Estadão.

FOTOGRAFIAS. Tão estrela quanto Tina dentro do rock and roll, o fotógrafo Bob Gruen, autor de boa parte das mais de 100 fotos que compõem a exposição, muitas delas nunca exibidas no País, foi praticamente lançado por Tina. Foram ela e o então marido Ike que abriram as portas de sua casa e da carreira para Gruen.

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Com isso, o fotógrafo conseguiu, assim como também o fez com o casal John Lennon e Yoko Ono, registrar momentos que nenhum outro conseguiu, por estar no lugar certo, com o acesso irrestrito.

São de Gruen as poucas fotos de Tina sem peruca – a cantora sabia que esse seria um acessório interessante em sua imagem. Ou de Tina preparando um refeição na cozinha de sua casa. Para ele, a cantora ainda ofereceu um sorriso enquanto dava um autógrafo.

Há ainda, entre os cliques de Gruen e dos demais profissionais, imagens da cantora em shows ao redor do mundo, em gravações de estúdio ou rodeada por seus filhos.

Tina Turner em foto feita em 1984 pela fotógrafo Bob Gruen Foto: Bob Gruen

Para destacar a imagem e a voz de Tina, um telão de 6 metros de altura por 3,5 de largura exibe seus números musicais em um ambiente repleto de refletores. É nesse espaço em que estão disponíveis algumas perucas do modelo que Tina usava para que os visitantes mais empolgados possam colocá-las e fazer fotos – ou fazer performances junto à diva.

Em seu retiro da Suíça, atualmente com 83 anos, com 12 prêmios Grammys e 200 milhões de discos vendidos ao longo da carreira, Tina, nascida no conservador Estado do Tennessee, nos Estados Unidos, com o nome de Anna Mae Bullock, ainda representa, como indica o título da exposição, uma grande e empolgante viagem ao futuro.

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Tina Turner: Uma Viagem Para o Futuro

Museu da Imagem e do Som (Av. Europa, 158, Jd. Europa)

De terça a sextas, 10h/19h. Sábados, 10h/20h. Domingos e feriados, 10h/18h

R$ 30 (gratuito às terças)

Até 9/7

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