A terceira temporada de Amigos, Sons e Palavras estreia nesta segunda-feira, dia 23, na programação do Canal Brasil. Com o cantor e compositor Gilberto Gil como condutor de papos intimistas e descontraídos - mas jamais frívolos -, a nova leva de programas terá 13 episódios inéditos.
Na estreia – sempre são exibidos dois episódios em sequência –, os convidados são a atriz Fernanda Montenegro e a cantora e compositora Liniker. Ao longo da temporada, passarão pelo programa a atriz Glória Pires, o comediante Marcelo Adnet, o antropólogo Hermano Vianna, o sociólogo Laymert Garcia dos Santos e a chef de cozinha Bela Gil. A direção é de Letícia Muhana e Patrícia Guimarães.
Segundo Gil, embora Amigos, Sons e Palavras seja centrado nele, sem sua história, músicas e pensamentos, ele traz muito de cada convidado, a que ele chama de “amigos e colegas”. “Sou conversador. Vamos com as conversas até onde elas dão pé para nós. É o frescor das águas com a areia no fundo. É o que precisamos”, diz ele, na coletiva de imprensa de apresentação da temporada.
No papo com Fernanda Montenegro, os dois imortais da Academia Brasileira de Letras falaram, entre outros temas, sobre o que a atriz denominou por “a terceira margem do rio” na qual os artistas se banham ao entrar em cena. “É nascer, viver e morrer quando se está em um palco”, diz ela.
“Fernanda lida com essas questões da dimensão humana, das leituras do drama humano que os autores fazem. Uma conversa com a Fernanda há sempre a possibilidade de um aprendizado muito grande. É sempre farta dessa seiva profunda, desse florestal enorme que ela representa”, diz Gil.
Gil se diz muito satisfeito com os convidados que recebeu nesta terceira temporada. Ele afirma que agora teve a possibilidade de conversar com Laymert Garcia dos Santos, com quem ele diz que gostaria de ter estado já no período inaugural de Amigos, Sons e Palavras.
O papo com Santos enveredou por questões da Amazônia e dos povos originários da região – temas com os quais o sociólogo atua. “Falamos também sobre a difusão do modo de vida brasileiro para outras culturas”, revela Gil.
Clássicos ganham novas versões
No programa, Gil também, além de conversador, como ele gosta de se definir, também é músico e cantor. Cada episódio é aberto por uma canção que acaba por puxar o roteiro de cada programa, de acordo com cada convidado.
No episódio com Fernanda Montenegro, Gil canta Palco, música lançada em 1981 que se tornou um de seus grandes sucessos. Fernanda faz uma participação “afetiva”, dramatizando o trecho que diz “Fogo eterno pra consumir /O inferno, fora daqui”.
O que chama atenção é que tanto Palco quanto Raça Humana, cantada por Gil na abertura do programa em que Liniker é convidada, soam como versões diferentes de todas que o compositor já registrou em discos ou apresentou em shows.
Indagado pela reportagem do Estadão sobre essa percepção, Gil concordou e disse que esse é um aspecto do programa que lhe agrada muito. Gil ainda explicou o que faz com que as versões apresentadas por ele nos episódios se distanciam das originais.
“São versões exigidas pela condensação. Eu e o violão ali. Só nós dois diante daquela pessoa para a qual a música está sendo cantada. Elas se tornam novas, íntimas. São versões mais espontâneas, sem extremos cuidados de arte finalização. Essa simplicidade me agrada muito”, diz.
Gil, aliás, tem seu violão sempre ao lado. Por isso, pode recorrer a ele sempre que a conversa com o convidado pedir. Isso ocorre na conversa com Fernanda. A atriz, inclusive, levou à gravação um exemplar do livro Todas as Letras, que traz as composições de Gil. Fernanda, a certo momento, abre o exemplar e lê versos de Deixar Você. Com seu talento, amplia ainda mais o entendimento e a genialidade da obra de Gil.
Amigos, Sons e Palavras
Estreia 23/1
Toda segunda-feira
20h45
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