Lana Del Rey subiu ao palco do MITA Festival às 21h02 deste sábado, 3, para seu primeiro show na capital paulista em dez anos. “Todas as histórias que ouvi nesses dez dias que estive no Brasil são incríveis. Vocês são incríveis”, disse a artista no meio da apresentação, dirigindo-se ao público que lotava o Vale do Anhangabaú.
O atraso de 42 minutos irritou parte do público do MITA, que tentava atrair a artista para o palco com coros de “Lana! Lana! Lana!”, depois uma sequência de vaias, um pedido de desculpas pelas vaias com “Lana, eu te amo!” e depois apenas o silêncio. Mas Lana apareceu quando quis, e segundo a reportagem apurou não houve nenhuma falha técnica que tivesse causado o atraso.
Ao longo dos primeiros 30 minutos de show, Lana se perdia nas próprias músicas e por vezes esquecia as letras, perdia a marca da entrada e até pediu para recomeçar “Bartender” depois de não sincronizar o ritmo com a banda. Parcialmente compreensível, uma vez que ela estava há quatro anos longe dos palcos e o show no Rio de Janeiro, no sábado anterior, foi seu retorno aos holofotes.
Antes do MITA, a última vez que Lana havia se apresentado em terras brasileiras foi em 2018, no Lollapallooza. Em 2013, ela já havia desembarcado por aqui com o seu primeiro e até então único disco, Born to Die, no extinto Planeta Terra. Ao longo dessa década, a artista lançou outros sete álbuns e deu uma guinada em sua carreira que a colocou definitivamente no pedestal de principais cantoras do pop alternativo.
Dividida entre a tristeza e o tesão, como dizem seus fãs, Lana passeou por sua extensa discografia ao longo de uma hora e meia, com foco especial no primeiro álbum e no recém-lançado “Did you know there’s a tunnel under Ocean Blvd?”.
No palco, a artista trocou de roupa enquanto as câmeras acompanhavam sua silhueta, deitou e rolou sensualizando no chão e executou coreografias simples de maneira despretensiosa, parecendo mais preocupada em se divertir do que acertar os passos certos em canções como Cherry e White Mustang. O público respondia com coros de “gostosa”, “eu te amo” e aplausos.
Se por um lado Lana Del Rey parecia um pouco desatenta com as letras, pelo outro ela compensava com malabarismos vocais, harmonizando com o coro de vozes femininas e se soltando no improviso como em uma sessão de jazz acompanhada do pianista.
Também no improviso, ela atendeu de prontidão dois pedidos da plateia e cantou de imediato parte de “Get Free” e a queridinha “Cinnamon Girl”, criando assim dois dos melhores momentos da noite e a sua redenção pelo atraso que, ao final do último refrão de “Vídeo Games” cantado em um balanço de flores, ninguém mais lembrava ou se importava.
Correções
Diferentemente do informado na versão original da matéria, a passagem anterior de Lana Del Rey no Brasil havia sido em 2018, não em 2013.
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