Lollapalooza 2023: fãs dispostos madrugam na fila por ídolos que os ‘salvaram’

Paixão por artistas e profundas identificações com as letras provocam loucuras de fanáticos no festival

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Foto do author Ana Lourenço
Atualização:

Seja pelo sentimento que causa ou a representatividade que traz, a música - e seus músicos -pode transfornar vidas. E por isso mesmo os fãs fazem loucuras para demonstrar esse amor. Igor Ferreira, de 24 anos, fez questão de ficar desde às 23h de ontem na fila do Lollapalooza para garantir o lugar na grade para assistir ao duo norte-americano Twenty One Pilots.

“Saímos de casa na quinta-feira (23) e chegamos aqui por volta de meia-noite. Ficamos na fila e passamos o dia todo na grade para ver a Billie (Eilish). Depois fomos para casa, trocamos de roupa e já voltamos de novo para cá”, admite.

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Para aguentar, o segredo é planejamento. “O sol ajuda a suar, então você não sente vontade de ir ao banheiro. Só bebe uma aguinha para molhar a garganta”, diz ele.

“Eu evito comer, porque estraga. No último show que eu fui, comi um hot-dog, passei mal e fiquei doente na fila. Precisei ir embora”, disse o amigo de Igor Everton Oliveira, de 28 anos.

Assim como ele, os amigos que fez em outros shows da banda também colocam a saúde em risco em prol do ídolo. “É sempre assim, a gente vai no show e diz ‘nunca mais eu faço isso’. E aí vai lá e faz”, brinca Pamela Ferraz Santos, de 24 anos.

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A banda Twenty One Pilots se apresenta às 21h30 no palco Budweiser como substituta do grupo Blink-182, que teve de cancelar a vinda devido um rompimento de ligamento do dedo do baterista Travis Baker.

Fãs da banda Twenty One Pilots, que substituiu o Blink-182 no line-up do Lollapalooza 2023 Foto: Ana Lourenço/Estadão

No começo de março, quando Blink-182 cancelou a vinda, a comoção na internet foi alta. Com várias pessoas mencionando que repensavam a ida ao festival. Mas, ao que tudo indica pela grande quantidade de pessoas na fila do portão A, a troca agradou muitos fãs.

Twenty One Pilots é uma banda americana formada por Tyler Joseph e Josh Dun com músicas que variam entre hip hop, pop e rock. Suas letras trazem reflexões e divagações sobre a sociedade, o universo da música e até o significado do mundo. Vivian Botoria, de 22 anos, diz que as letras a ajudara a sair de uma tristeza profunda.

“Cheguei às 00h30, direto da rodoviária. Eu estava em um dos piores dias da minha vida quando eles anunciaram esse show. Tive que lidar com bastante coisa até chegar aqui. Mas estou muito emocionada”, disse ela, que veio de Santos.

‘A música da Pitty foi uma reviravolta pra mim’

Foi assim também com o assistente administrativo Filipi de Oliveira, de 34 anos, que é fã da rockeira baiana Pitty desde os 13. “Acompanho ela desde 2000, e nesse época, como eu era jovem, tinha que lidar com as questões da adolescência, muito bullying. E a música dela foi uma reviravolta para mim. Comecei a ver o mundo diferente e passei a enfrentar o meu medo”, conta ele, que chegou às 7h30 da manhã. “Quando vi o tamanho da da fila pensei: ‘é para outros artistas, graças a Deus’.”

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Filipi, fã da cantora Pitty, na fila do Lollapalooza em São Paulo Foto: Ana Lourenço/Estadão

Apesar da dedicação, essa não é a primeiro vez que Filipi vê o show da cantora. “Fui no primeiro show dela com a minha mãe no Sesc Interlagos. De lá pra cá, já vi Pitty umas 300 vezes. Semana que vem tenho um show dela em São José dos Campos, depois Rio de Janeiro”, disse, animado.

Pitty se apresenta às 14h40 no palco Adidas. Depois de uma turnê de sucesso ao lado de Nando Reis, Pitty celebra 20 anos do seu primeiro álbum Admirável Chip Novo no Lollapalooza.

A situação é diferente para o estudante de física Alisson Silva, de 24 anos. Em 2016, quando o grupo Tame Impala se apresentou no Lollapalooza, ele não tinha como sair de Brasília, sua cidade natal, para assistir-los. Mas esse ano, por estar fazendo o mestrado aqui, fez questão de dar uma parada nos estudos para assistir aos ídolos. “Cheguei umas 8h no portão G, mas decidi vir para cá, porque achei que a entrada estaria mais fácil”, disse. “Esse ano o destino me trouxe até aqui e acho que vai ser uma sensação indescritível. É um estilo muito único.”

Alisson Silva, fã da banda Tame Impala: alegria em finalmente conseguir assistir a banda ao vivo  Foto: Ana Lourenço/Estadão
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