Além dos looks fashion e peças estilizadas que os participantes de Lollapalooza costumam exibir durante os dias de festival, havia algo comum nas peças de roupa do segundo dia do evento: blusas da banda Blink-182.
“Eu tinha outras blusas, até mais confortáveis que essa, que eram mais frescas e tal, mas escolhi a do Blink justamente para mostrar meu protesto contra o festival”, contou o analista de inovação Thiago Marcilio, de 35 anos.
“Um dos problemas foi que o Lolla substituiu a banda por algo nada a ver [Twenty One Pilots]. Não é o mesmo estilo musical de Blink, eles poderiam ter procurado melhor. Então, realmente, me senti lesado”, desabafou. “A mesma coisa aconteceu com Willow [Smith] que cancelou e foi substituída pelo Baco [Exu do Blues]. Ele é um artista que eu amo, mas não é internacional e não tem nada a ver com o estilo dela.”
No começo de março, a banda Blink-182 cancelou todas as apresentações que faria na América do Sul e no México. O motivo foi uma lesão sofrida pelo baterista, Travis Barker, que precisou passar por uma cirurgia no dedo da mão.
Blink-182 nunca tocou no Brasil
Essa seria a primeira vez da banda no País. Por isso mesmo, nas redes sociais, o vocalista Tom DeLonge confirmou o compromisso de tocar, em 2024, tanto no Brasil quanto nos outros países da América Latina que receberiam o trio. “Isso é tão triste. Esse seria um dos maiores shows que já fizemos. Mas vamos voltar, os três juntos.”
A arquiteta Raphaela de Giorgio, de 30 anos, amiga de Thiago, pensava que iria comemorar seu aniversário assistindo sua banda favorita. “Eu nunca achei que conseguiria ver ao vivo, porque o Travis (Barker) tem medo de avião, e eles brigaram com o Tom (DeLonge). Então aconteceu algo utópico, o Travis superar o medo e o trio original se reunir após o câncer do Mark. E eles cancelaram”, diz, frustrada.
Os amigos afirmaram que iriam ver a apresentação de Twenty One Pilots, mas não estavam muito ansiosos. “É o que tem, então vamos nos divertir”, disseram.
Diferentemente deles, o casal Andrea Feresin, de 30 anos, e Lucas Cunha, de 33 anos, produtores de conteúdo sobre o Blink-182, decidiram encarar a mudança com a melhor das intenções.
“Eles [Twenty One Pilots] vão tocar Blink, vai ser bacana. Os caras são muito artistas. Foi uma substituição ‘ok’”, contou Lucas. O casal garantiu o ingresso em outubro, quando já existia a hipótese de Blink-182 vir para o Brasil.
“Quando compramos o ingresso, o dia do Blink já estava esgotado. Pra não perder, a gente comprou o Pass [que dá direito a mais de um dia de show] para poder curtir o Blink, e isso não está incluso no reembolso. Ate tentamos revender, mas a viagem já estava programada”, lamentou o casal que veio de Goiânia.
Reembolso aos fãs do Blink-182 no Lollapalooza
A organização do festival permitiu o pedido de reembolso a todos aqueles que compraram as modalidades Lolla Day, Lolla Comfort Day e Lolla Lounge Day para sábado, data em que a banda se apresentaria. Para quem adquiriu o Lolla Pass, válido para os três dias de festival, porém, não houve política de devolução do dinheiro.
Assim o motivo do “protesto das blusas” eram diversos. Seja pela tristeza de fã de não poder ver a banda, a falta de opção de cancelamento, a falta de identificação com o show substituto ou o período curto entre o cancelamento e o festival. Foi o caso da estudante Simone Quintela, de 29 anos.
“Eu sou do Acre, então quando eu comprei o ingresso - o qual eu tentei três vezes comprar - já me planejei para vir. Comprei ingresso de sábado só para eles (Blink), mas não quis perder o rolê”, contou. " Eu nasci em 1993, então vamos dizer que estou esperando esse show desde 1994.
Ano passado, Simone veio para o festival também somente por um dia e por uma banda: Foo Fighters, que precisou cancelar a participação por conta da morte do baterista Taylor Hawkins.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.