Análise | Lollapalooza 2025: Rüfüs Du Sol desafia geração Z com clima de meditação em dia de Olivia Rodrigo

Banda conseguiu feito impressionante de arrepiar multidão com músicas que ultrapassavam 9 minutos; cantora norte-americana se apresenta logo em seguida no Palco Budweiser

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Foto do author Sabrina Legramandi
Atualização:

É no mínimo curiosa a escolha pelo trio australiano Rüfüs Du Sol como headliner do Lollapalooza Brasil 2025 no mesmo dia de Olivia Rodrigo. Se a cantora é a queridinha da geração Z com canções de no máximo três minutos e um punk pop rock com confissões intensas, a banda representa exatamente o contrário.

O trio australiano Rüfüs Du Sol se apresenta no Lollapalooza 2025 Foto: Reprodução/Multishow

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É raro que as músicas do Rüfüs não ultrapassem os cinco minutos de duração. Lentas, elas seguem em crescentes e repetem frases em refrões, como mantras.

Não é estranho, portanto, comparar um show da banda com uma longa sessão de meditação. Meditação, inclusive, que para os membros Tyrone Lindqvist, Jon George e James Hunt não é sinônimo de silêncio, mas sim de controlar o barulho.

Seu penúltimo álbum, Surrender (2021), foi feito em uma espécie de “retiro espiritual”. Ao jornal australiano The Sydney Morning Herald, o trio contou que o disco foi composto por gravações em que viravam a noite, alternando sessões de meditação, sauna, banhos de gelo e smoothies.

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Pelo álbum, a banda foi vencedora do Grammy de Melhor Gravação de Dance/Eletrônica pela música On My Knees. Durante a apresentação da canção ao público do Lolla, o vocalista Tyrone, de voz anasalada e cheia de efeitos como pede a música eletrônica, permaneceu ajoelhado por bons minutos.

Aproveitar cada segundo é o mote que norteia o show de Rüfüs Du Sol. Os próprios integrantes já assumiram que conquistam fãs em seus shows, em que não têm medo de tocar suas músicas na íntegra.

Poucas são as interações com a plateia - mas os três, que assumem o mesmo protagonismo no palco, arriscam até algumas frases em português. O foco está em cada nota, cada palavra, e nos atos de respirar e inspirar, como pede o álbum lançado por eles no ano passado, Inhale/Exhale.

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Do disco, aproveitaram a reta final para tocar faixas como a ótima Break My Love. Mas foi em Innerbloom, de Surrender, que a apresentação atingiu o auge.

“Estou arrepiado”, gritou um membro da plateia durante a longa introdução. Innerblooom - que, diga-se de passagem, significa “florescer interior” - se estende por mais de nove minutos. E a banda consegue o feito impressionante de deixar a multidão entretida em uma espécie de imersão.

Depois da música, porém, uma debandada para o Palco Budweiser, onde ocorreria o show de Olivia, começou a acontecer. Apesar de o fim ter vindo em clima de impaciência, foi bom contar com o Rüfüs Du Sol para voltar as atenções ao “aqui e agora”.

Análise por Sabrina Legramandi

Repórter de Cultura do Estadão

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