A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu o inquérito do acidente aéreo que matou a cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas em novembro de 2021. Conforme uma coletiva transmitida nesta quarta-feira, 4, a queda da aeronave foi causada por um erro do piloto, Geraldo Martins de Medeiros Junior, e do copiloto, Tarcísio Pessoa Viana.
“A tripulação, por circunstâncias até então não justificáveis, atuaram com negligência e com imprudência”, afirmou um dos delegados responsável pelo caso. A polícia atribuiu o crime de homicídio culposo aos pilotos, mas pediu o arquivamento do caso em razão da morte de todos os que estavam a bordo do avião.
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O laudo concluiu que a aeronave não tinha problemas técnicos e a polícia descartou um possível mal súbito dos tripulantes. A aeronave se chocou contra uma torre de transmissão em Caratinga, no interior de Minas Gerais.
Segundo os delegados, a tripulação não respeitou os procedimentos de segurança na condução do avião e saiu da zona de proteção da rota. A polícia descartou a possibilidade de crime ambiental pelo vazamento de combustível da aeronave.
Marília morreu aos 26 anos após a queda de um avião de pequeno porte em uma cachoeira. Além dela e dos pilotos, o produtor Henrique Ribeiro e o tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho também morreram no acidente. O avião decolou de Goiânia com destino a Caratinga, onde Marília teria uma apresentação à noite.
Relatório anterior do Cenipa
Em maio de 2023, um relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão ligado ao Comando da Aeronáutica, concluiu que não houve falha mecânica e que o piloto contribuiu para o acidente, ao decidir qual seria a manobra feita para o pouso no aeroporto mineiro.
Ao discorrer sobre “fatores contribuintes” para o acidente, o relatório registrou que o “julgamento de pilotagem” contribuiu para a queda da aeronave. “No que diz respeito ao perfil de aproximação para pouso (em Minas Gerais), houve uma avaliação inadequada acerca de parâmetros da operação da aeronave, uma vez que a perna do vento foi alongada em uma distância significativamente maior do que aquela esperada para uma aeronave de ‘Categoria de Performance B’ em procedimentos de pouso”.
Segundo o Cenipa, a aproximação da aeronave para pouso “foi iniciada a uma distância significativamente maior do que aquela esperada” e “com uma separação em relação ao solo muito reduzida” (o avião estava mais baixo do que deveria, naquele ponto). O relatório cogita a hipótese de que a tripulação estivesse “com a atenção (visão focada) direcionada para a pista de pouso em detrimento de manter uma separação adequada com o terreno em aproximação visual”.
Segundo o relatório, o cabo para-raios com que o avião se chocou inicialmente não precisava de sinalização, porque estava fora da área considerada zona de proteção do aeroporto e das superfícies de aproximação ou decolagem e tinha só 38,5 metros de altura. Por isso, segundo o Cenipa, “não representava um efeito adverso à segurança”.
A investigação do Cenipa contou com uma equipe multidisciplinar composta por 30 militares e civis do órgão, entre eles especialistas em Fator Operacional (pilotos e mecânicos de aeronaves), Fator Humano (médicos e psicólogos), Fator Material (engenheiros), bem como Assessores Técnicos Consultivos compostos pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
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