Gal Gosta, cantora baiana e uma das maiores vozes da MPB, morreu nesta quarta-feira, 9, aos 77 anos. A causa da morte ainda não foi revelada.
Segundo sua assessoria de imprensa, Gal Costa estava em recuperação de uma cirurgia de retirada de um nódulo na fossa nasal direita e teria que ficar longe dos palcos até o final deste mês. A operação aconteceu em setembro, após Gal se apresentar no Festival Coala, em São Paulo. A cantora já tinha na agenda marcada para a turnê As Várias Pontas de Uma Estrela, que deveria ocorrer em dezembro e janeiro de 2023.
A cantora se apresentaria no Primavera Sound no dia 5 de novembro, mas seu show foi cancelado por motivos de saúde.
A história de Gal Costa
Gal Costa gostava sempre de contar que sua mãe, ainda grávida dela, colocava música clássica na vitrola. Queria que a filho ou filha que nascesse fosse um músico.
A própria Gal, ou a ainda menina Maria da Graça, sabia que estava predestinada ao sucesso. Aos 12 anos de idade, em Salvador, onde nasceu, viu uma artista da televisão local passar e dar autógrafos. Como uma premonição, se viu fazendo o mesmo. “Guardei dentro de mim porque achava que as pessoas poderiam achar loucura”, declarou, anos depois.
Ainda na Bahia, onde conheceu Caetano Veloso, cantou para o ídolo João Gilberto que decretou: você será a maior cantora do Brasil!
Dito e feito. Dos primeiros shows em Salvador com os amigos Caetano, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Tom Zé, Gal se mostrou ao público em um primeiro disco, ainda dividido com Caetano Veloso, em 1967.
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No ano seguinte, a cantora joãogilbertiana, que cantava baixinho, explodiu no Festival da Música Popular Brasileira de 1968 ao dar voz à canção Divino Maravilhoso, de Caetano e Gil. Torna-se, então, a Gal que todos conhecem até os dias de hoje.
Na Tropicália, esteve presente no disco manifesto do movimento. A ela coube cantar Baby, um de seus maiores sucessos de carreira.
Em 1971, estreou no Rio de Janeiro o show Fa-tal, com canções de Jards Macalé, Wally Salomão, Roberto e Erasmo Carlos, Caetano Veloso e apresentava o novato Luiz Melodia, de quem cantava Pérola Negra. O show foi gravado, virou disco, um dos mais cultuados da discografia da cantora.
No final dos anos 1970, auxiliado pelo produtor Guilherme Araújo, deu uma virada na carreira com o disco e show Tropical. No ano seguinte, invertendo a lógica, lançou um songbook só com sambas e sambas canção de Ary Barroso.
Na década seguinte, emplacou nas rádios sucessos como Um dia de Domingo, música gravada ao lado de Tim Maia, Lua de Mel, Sorte, em dueto com Caetano, Cabelo e Vaca Profana.
No show O Sorriso do Gato de Alice, cantou Brasil de Cazuza e deixou seus seios nus aparecerem, em um jogo de cena criada pelo diretor Gerald Thomas. Foi massacrada pela mídia.
Além do prestígio no Brasil, Gal também era reconhecida no exterior. Apresentou-se pela Europa e Estados Unidos inúmeras vezes. Algumas delas, ao lado de Tom Jobim, a quem dedicou um disco e um show.
No início dos anos 2000, gravou Recanto, álbum produzido pelo amigo Caetano Veloso no qual trouxe elementos da música eletrônica e do funk. “Sempre gostei de ousar”, disse à época a quem mais uma vez se surpreendeu com mais uma virada na carreira.
Com Recanto, Gal se reaproximou do público mais jovem e de novos compositores. No disco Estratosférica gravou músicas de Céu, Mallu Magalhães, Marcelo Camelo e Criolo. Seguia fazendo o mesmo em A Pele do Futuro.
Seu último disco de carreira, gravado durante a pandemia de coronavírus, foi Nenhuma Dor, no qual fez duetos com artistas como Silva, Jorge Drexler, Rodrigo Amarante, Tim Bernardes e Seu Jorge.
No último final de semana, Gal iria recriar no palco do festival Primavera Sound, em São Paulo, seu disco Fa-tal. Porém, Gal não subiu a palco, pois, há mais de um mês, já estava afastado dele, provavelmente se tratando da doença que a levou.
Nascida Maria da Graça Costa Penna Burgos, Gal, a certa altura da vida, trocou o nome para Gal Maria da Graça Penna Burgos Costa. Assim, em qualquer lugar do mundo, ou nos bilhetes de avião, poderia ser sempre e só Gal Costa.
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