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Morre Maria Lata D’Água, ex-passista que inspirou antigo samba de carnaval; conheça a história

Ela estava com 90 anos e morava no interior de São Paulo. Depois de viver na Europa por 30 anos, Maria havia se tornada uma missionária

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Foto do author Danilo Casaletti

Morreu nesta sexta-feira, 23, a missionária Maria Mercedes Chaves Roy, conhecida como Maria Lata D’Água. A informação foi divulgada pela Canção Nova, comunidade católica da qual Maria fazia parte desde o início dos anos 2000. Segundo informações, ela morreu de causas naturais.

Maria Mercedes, a inspiradora do samba 'Lata D'Água' Foto: Arquivo Canção Nova

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Nascida em Diamantina, em Minas Gerais, Maria desde pequena ajudava a mãe a pegar água em uma bica próxima de sua casa. Aos 11 anos, se mudou para o Rio de Janeiro com a mãe. Aos 13 anos, fugiu de casa e passou a viver nas ruas, onde se prostituiu.

Levada a um circo, passou a se apresentar sambando com uma lata de água de 20 litros na cabeça. Apresentou-se no programa do Chacrinha e ganhou em primeiro lugar no quadro ‘Quem vai para o trono?’. Com a fama, trabalhou com o ator Grande Otelo e fez uma excursão para o Uruguai. Foi viver na Europa onde trabalhou em boates.

De acordo com Maria Mercedes, que contou sua história na autobiografia Lata D’Água Na Cabeça – Da Passarela ao Sacrário, lançada em 2017, ela teria sido a inspiração dos compositores Luís Antônio e Jota Júnior para o samba de carnaval Lata D’Água, de 1952.

No livro A Canção no Tempo – 85 anos de músicas brasileiras, os autores Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, contam que compositores teriam visto Maria carregar a lata em um morro do Rio de Janeiro, por isso a referência na letra: “lata d’água na cabeça, lá vai Maria/sobe o morro e não se cansa/ pela mão leva a criança.

O samba foi oferecido à cantora Marlene que, em um primeiro momento, o recusou. Entretanto, ao gravá-lo, se tornou seu principal sucesso de carreira. O samba também foi gravado pelos cantores Elza Soares, Jair Rodrigues e Zeca Pagodinho.

Maria Mercedes com a lata de água na cabeça, já depois da fama Foto: Arquivo Canção Nova

Entre os anos 1950 e 1970, Maria desfilou pelas principais escolas de samba do carnaval carioca., como a Portela. Em 1977, casou-se com um suíço e viveu por muitos anos na Europa.

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Em 2004, virou missionária da Canção Nova e foi morar na cidade de Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo.

Em uma entrevista em 2017, Maria definiu sua vida como “triste” até se encontrar com a missão religiosa que abraçou.

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