Arno, astro do rock conhecido por sua voz rouca e seus excessos, morreu neste sábado, 23, aos 72 anos, em decorrência de um câncer, segundo informou seu agente.
"Arno nos deixa em 23 de abril. Sempre estará aqui, graças à música em que manteve os pés até o final", escreveu seu agente belga Filip de Groote em um comunicado. O artista, que cantava em flamenco, inglês e francês e às vezes era comparado a Tom Waits, anunciou em fevereiro de 2020 que sofria de um câncer de pâncreas, quando se encontrava em plena divulgação de seu novo álbum, Santeboutique, de 2019. Teve que interromper sua turnâ para passar por uma operação.
Arno Hintjens nasceu em 21 de maio de 1949 em Ostende, uma cidade costeira flamenca à qual permaneceu unido e que costumava citar em suas canções. Iniciou sua carreira no grupo de rock TC Matic nos anos 1980, com a canção Putain, Putain, que voltou a cantar recentemente com o artista belga Stromae.
Mas Arno, com seu característico cabelo branco e roupas pretas, ficou conhecido na carreira solo graças a canções como Les Yeux de La Mama e sua versão de Filles Du Bord de Mer, de outro cantor belga, Adamo. A pandemia de coronavírus e a impossibilidade de realizar shows lhe fez adiar várias vezes a perspectivas de voltar aos palcos ao longo de 2020, ainda que tenha gravadao um novo disco, Vivre, com a pianista francesa Sofiane Pamart, lançado no fim de maio de 2021. Quando o álbum saiu, não pode divulgá-lo devido a uma nova hospitalizaçãopelo tratamento de quimioterapia. Finalmente retornaria aos palcos em fevereiro de 2022 e programou meia dúzia de shows em Bruxelas, a capital da Bélgica, e Ostende. Durante seus últimos espetáculos, o cantor, sentado em frente ao microfone com o rosto magro, deixava perceptível seu estado de saúde diante do público. Arno, que também atuou em diversos filmes, superou uma forma de autismo e uma mudez juvenil. Se referia a seus problemas com o álcool apenas de forma bem-humorada. "Não bebi durante três meses. Meu fígado estava de folga. Bem, dois bares fecharam", disse em fevereiro de 2020 durante uma apresentação em Paris. O rei Felipe, da Bélgica, o descreveu como um "ícone da cena musical belga".
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