Quando de sua segunda apresentação nos Estados Unidos, em 2010, o músico sírio Omar Souleyman já demandava um admirável esforço de compreensão. Quem era, afinal, o fleumático músico árabe que costumava animar casamentos na Síria e que, com sua túnica ritual, seu xale cafia, seus óculos de aviador e seu bigodão de Belchior, subitamente tinha se tornado uma estrela mundial da dance music? Seria algo mais além de uma excentricidade para plateias descoladas?
O crítico do New York Times, Ben Ratliff, escreveu: “Tem havido pedregosas análises do quanto os ocidentais podem se enganar decifrando Souleyman - coisificando-o, fetichizando a crueza de sua música. Suas batidas são universais, o Leste atravessando e fundindo-se ao Oeste, cruzando entre outras coisas o choubi do Iraque (um tipo de música que é geralmente dançada em um estilo denominado debkeh) e os ritmos antilhanos. Mas, por meio de beijos solenemente endereçados à audiência, ele não é um performer ingrato, e o distanciamento de sua linguagem corporal combinada com a paixão de seu canto terminam registrados como uma forma de espetacular autoconfiança. Ele parece autêntico, o que explica em parte sua crescente popularidade no Ocidente. Mas ele também pode ser emocionalmente enriquecedor, o que arremata a explicação”.
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