Em 2013, a cantora neozelandesa Kimbra estrelou um dos shows mais animados do Palco Sunset no Rock in Rio, numa parceria com o grupo baiano Olodum. Mais de cinco anos depois, ela retorna ao País para uma apresentação única em São Paulo, no Cine Joia, nesta sexta-feira, 18, como parte da turnê de divulgação do seu mais recente disco, Primal Heart (2018).
“Passei muito tempo sem voltar para o Brasil, eu sei, me perdoem”, brinca a cantora em entrevista por telefone ao Estado. Para Kimbra, apesar de ser um show totalmente diferente do Rock in Rio – o espaço vai ser menor e desta vez ela conta com apenas dois músicos na banda –, a energia deve ser a mesma. “Quero que as pessoas se divirtam. São músicas novas, mas também vai ser um show de muita energia”, ela explica. “E eu tenho muitos figurinos loucos, o público pode esperar. Vocês lembram da roupa que eu usei no Rio?”, ela ri.
O disco Primal Heart é um trabalho de anos. Começou a ser planejado já após o lançamento de The Golden Echo (2014), quando foi à Etiópia. O conceito, porém, só foi definido quando as músicas já estavam prontas. “É algo comum a muitos artistas. Você grava as músicas e só depois percebe sobre o que o disco fala.” O título, algo como “coração primitivo”, em tradução livre, vem da música Human. Para Kimbra, as canções falam sobre as diferentes partes do coração e da condição humana. “Orgulho, ego, vulnerabilidade. Achei que o título era perfeito, está ligado à outros seres humanos que passam pelo mesmo que você.”
Pensando no conceito do Primal Heart, seu terceiro disco de estúdio, Kimbra resolveu, no final do ano passado, regravar algumas das músicas em versões mais cruas, num EP intitulado Primal Heart: Reimagined. “Quis levar as músicas para o seu lado mais primitivo, com instrumentos orgânicos, para as pessoas terem uma noção um pouco maior da minha própria vulnerabilidade”, ela explica. “Parte das canções são muito emocionais.”
As músicas originais misturam elementos pop, eletrônicos e R&B. Kimbra não sabe exatamente em qual estilo se encaixa, mas aceita quando a classificam como “pop progressivo”. “Acho que minha música não soa como nada que está no rádio, tenho influências de artistas mais avant garde ou experimentais, mas amo a música pop, amo fazer uma música para me conectar com muitas pessoas.” Algumas das influências de Kimbra são do Brasil. Ela diz amar o trabalho de Caetano Veloso, Tim Maia e João Gilberto. “Eu adoro como o português soa nas músicas.” Relembrando seu show no Rock In Rio, quando aprendeu frases em português, ela arrisca: “Estou muito contente de estar no Brasil.”
Ainda em 2019, deve ser lançado o seu primeiro filme como atriz, Daffodils, de David Stubbs, apresentado como “uma história de amor agridoce, contada com uma bela reedição das mais icônicas músicas pop da Nova Zelândia, de artistas como Crowded House e Bic Runga”.
Para Kimbra, que trabalha principalmente em Nova York, o filme foi uma boa oportunidade de se reencontrar com seu país de origem. “Estou nervosa, mas animada para ver o resultado. Foi muito legal poder me reconectar com as minhas raízes.”
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