MC Hariel subiu ao palco do festival The Town para o segundo show do dia, após a abertura feita por Tasha & Tracie e Karol Conká na tarde deste sábado, 2. Antes, em entrevista ao canal Multishow, ele criticou a organização do evento pelo fato de terem “esquecido” de incluir uma representação da favela na composição temática do palco, representando a cidade de São Paulo.
“O show é 100% uma estética de funk, então a gente não queria chegar aqui e montar um teatro, um espetáculo que fugisse do funk. É o DJ, o MC. E, como vocês podem reparar, esse palco inteiro tem todos os monumentos da cidade de São Paulo, só que eles se esqueceram do monumento que é o que constrói todos esses monumentos, que é o barraco”, disse MC Hariel.
“Então a gente colocou um barraco de favela ali, espelhado, para representar todo o povo de periferia que veio de baixo. Pode ter certeza que quem montou esse palco, esse evento, de alguma maneira vai se sentir representado”, continuou.
Em outro momento, o cantor também falou sobre o preconceito que sofre por conta do gênero musical: “Não tem como agradar todo mundo. Porém, o nosso ritmo, por si só, já toma muita pedrada só por ser funk. Às vezes as pessoas veem “MC” lá, não querem nem saber o resto do nome e já estão criticando. A gente não quer que ninguém nos respeite por milhões, por dinheiro, queremos que nos respeitem pela nossa sonoridade e nossa música. Se não está boa, vai melhorar, porque estamos em busca de evolução”.
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Como foi o show de MC Hariel, MC Cabelinho e MC Ryan SP
Não é muito comum o funk estar no palco principal de um festival; normalmente ocupam um espaço coadjuvante. Vide Ludmilla no Rock in Rio em 2022. Mas para a estreia de seu festival em São Paulo, Roberto Medida decidiu ir contra essa maré e deixou um espaço grande para o ritmo brilhar.
Já no primeiro dia, abrindo o palco principal, o Skyline, MC Hariel se junta com MC Ryan SP e MC Cabelinho, ambos do trap, em um encontro chamado “Primário”. De acordo com Hariel, o nome “faz alusão ao primeiro contato de um jovem da periferia com a música”, e por isso mesmo, os MCs fizeram questão de juntar DJs, musicistas e dançarinos no palco.
O show foi aberto com Cracolândia, música que fala sobre as drogas, a luta contra o vício e a dor das famílias que convivem com ele. Mas muito além das letras políticas das músicas, o trio também explorou os hits que fazem sucesso nas redes sociais e falam de assuntos do cotidiano.
Homenagem a MC Kevin
“Hoje é um dia que vai ficar na nossa memória pra sempre. Avisa que é o funk”, disse Hariel, que interagiu diversas vezes com a plateia. “Eu estou feliz demais de estar presente aqui com meu mano Cabelinho e Ryan SP.”
O estilo animou o pessoal que fazia questão de cantar e dançar todos os hits do trio e deixou o gramado do palco Skyline lotado. Fizeram questão de homenagear o MC Kevin, que morreu em maio de 2021. “As pessoas não são descartáveis, não são produtos”, disse Ryan SP.
O setlist seguiu com uma variação grande de música de cada um dos cantores, seja hits antigos como Tem Café, de 2017, mas também aqueles famosos no TikTok, como Tubarão Te amo, de Ryan SP, que foi acompanhada pela dança coreografada das redes sociais.
A mensagem final foi justamente essa celebração da posição do funk. “Essa é para todos aqueles que desacreditaram de nós, que falaram que o funk nunca ia chegar no palco de um festival como esse. Quero agradecer todos vocês”, abriu MC Hariel para a música X1, de MC Cabelinho.
“Quem te falou que eu não ia chegar? Quem falou que eu não ia vencer? Ainda bem, não parei de sonhar. Papai do céu, só tenho a agradecer”, fala a letra.
Ao longo dos dias, nomes como Luisa Sonza, Gloria Groove, MC Dricka e Teto e Mc Don Juan reforçam a força do estilo.
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