Jon Batiste, o talentoso jazzista de Nova Orleans, foi o grande vencedor do Grammy 2022, que aconteceu no domingo, 3, em Las Vegas e abriu espaço para um discurso do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, que falou sobre o silêncio provocado pela guerra e o poder da música.
Batiste, 35 anos, venceu em cinco categorias, incluindo melhor álbum do ano pelo aclamado We Are.
"Eu amo a música. Eu toco desde que era criança. A música é mais que entretenimento para mim, é uma prática espiritual", disse ao receber o prêmio mais importante da noite.
Apesar de ser o artista com mais indicações da noite, 11, Batiste disse que a vitória foi "surreal". "Eu realmente não faço pelos prêmios", declarou aos jornalistas. "Esta noite foi uma boa noite".
O grupo Silk Sonic, o projeto paralelo de Bruno Mars e Anderson .Paak, surpreendeu ao vencer nas categorias de música e gravação do ano com Leave the Door Open.
"A esta altura estamos nos esforçando para nos mantermos humildes", brincou .Paak ao receber o segundo prêmio.
O duo superou nas duas categorias a sensação do pop Olivia Rodrigo, que poderia ter sido a terceira artista na história do Grammy a vencer as quatro principais categorias na mesma edição.
A jovem de 19 anos venceu em três das sete categorias em que disputava, a mais importante delas a de artista revelação, na qual superou fortes concorrentes como Saweetie e Finneas, irmão de Billie Eilish.
"Meu sonho virou realidade", disse a jovem.
Eilish também estava indicada em sete categorias, mas não levou nenhum prêmio. A cantora cantou o single Happier Than Ever durante a cerimônia, com uma camisa em homenagem ao baterista do Foo Fighters, Taylor Hawkins, que morreu na semana passada aos 50 anos.
Hawkins também foi homenageado no momento In Memoriam, que recordou as grandes figuras da música que morreram nos últimos 12 meses, incluindo a brasileira Marília Mendonça.
O grupo Foo Fighters venceu em três categorias, todas anunciadas antes da cerimônia na MGM Grand Garden Arena de Las Vegas.
O discurso de Zelenski no Grammy 2022
Apesar da previsão de usar o alcance do Grammy para abordar a guerra na Ucrânia, a cerimônia surpreendeu ao exibir uma mensagem pré-gravada do presidente Volodmir Zelenski.
"O que é mais contrário à música? O silêncio de cidades destruídas e pessoas assassinadas", disse o presidente de um país sob ataque da Rússia.
"Nossos músicos usam coletes à prova de balas em vez de smokings. Eles cantam para os feridos nos hospitais, inclusive para aqueles que não podem ouvi-los. Mas a música chegará de qualquer maneira", acrescentou.
"Em nossa terra estamos lutando contra a Rússia, que traz um silêncio horrível com suas bombas. A morte silenciosa. Preencham o silêncio com sua música", afirmou Zelenski, antes de pedir: "Nos apoiem da forma que puderem, mas não com silêncio. E a paz virá".
O presidente ucraniano encerrou o discurso apresentando John Legend, que cantou a música Free.
Humor e provocação
O Grammy, adiado de janeiro para abril devido à variante ômicron da covid-19, aconteceu uma semana depois do Oscar, evento em que o ator Will Smith deixou milhões de espectadores atônicos ao dar um tapa no humorista Chris Rock.
O incidente não foi ignorado na festa da música, que teve várias referências ao tapa, incluindo a entrada no palco do comediante Nate Bargatze com um capacete. "Disseram que os comediantes devem usar isto nas premiações", brincou.
Sonic Silk, o colombiano J Balvin e a argentina María Becerra, Olivia Rodrigo, Lenny Kravitz e o rapper Lil Nas X também se apresentaram na festa.
Lady Gaga emocionou o público: ela cantou após uma introdução de Tony Bennett, que se aposentou dos palcos após o diagnóstico de Alzheimer e enviou um vídeo pré-gravado. Love For Sale, a segunda colaboração da dupla de 36 e 95 anos, venceu em duas categorias.
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