É como se Paul McCartney seguisse fazendo, mais de 50 anos depois do fim dos Beatles, algumas coisas que os Beatles não puderam fazer em vida. Ou pelo menos não como ele, Paul, queria que fizessem. Um exemplo? Shows. Cansados de não se ouvirem, o quarteto abandonou os palcos precocemente, aparecendo pela última vez para um show no dia 29 de agosto de 1966, no Candlestick Park, San Francisco, Estados Unidos. À época, Paul não queria limitar o grupo aos estúdios. Outro? Tocar no Brasil, a terra sobre a qual seus amigos só ouviram falar por duas razões naqueles anos 60: Pelé e bossa nova.
Mas lá vem Paul, aos 81 anos de idade, com uma fortuna avaliada em R$ 6 bilhões (ou seja, nada mais ali é por dinheiro) e uma nova turnê mundial. Nova ou quase, o que já não importa mais. Ele retoma a pegada da pré pandemia, quando emendava shows e turnês trocando canções como peças em um tabuleiro e rebatizando temporadas com palavras afetivas. A atual é Got Back, soerguida em três horas de duração e, ao menos, um encontro dos sonhos. O show em São Paulo será dia 9 de dezembro, no Allianz Parque, com ingressos sendo vendidos a partir desta quinta, 10. Veja aqui como comprar.
A lista que ele tem usado é preenchida por 38 canções, e nem todas são lados A (veja lista completa abaixo). Desta vez, Paul tem usado Can’t Buy Me Love na abertura e, como nas últimas passagens pelo Brasil, a tríade Golden Slumbers, Carry That Weight e The End no final, já no bis. Aliás, um bis que começa demolidor. Depois de encerrar a noite com Hey Jude, como faz há anos, ele volta com o instante criado para este turnê, quando se junta virtualmente a John Lennon para cantarem I’ve Got a Feeling, de 1970.
Paul, à frente do palco, canta em dueto e dividindo vozes com John, mostrado no telão em um superclose nas imagens (não confundir isso com Inteligência Artificial) daquele show feito na cobertura do prédio da Apple, em 1969, recuperadas por Peter Jackson em uma série documental. De arrepiar.
A banda de Paul segue sendo a mesma. Aliás, é sempre bom lembrar, uma banda que o acompanha há mais de 20 anos, mais do que o dobro da existência dos Beatles. Paul Wix Wickens nos teclados, Brian Ray revezando baixo e guitarra, Rusty Anderson na guitarra e Abe Laboriel Jr na bateria. Filho do baixista de jazz, o mexicano Abraham Laboriel, Abe traz um ponto ao som com o qual Paul talvez tenha silenciosamente sonhado por anos e que nenhuma banda, nem Beatles nem Wings, lhe deu: o peso.
Quando veio para a turnê de 2019, Paul concedeu uma entrevista ao Estadão e atendeu ao pedido do repórter para formar a banda de rock dos seus sonhos. Depois de eleger Elvis Presley nos vocais, John Entwistle no baixo (do Who, morto em 2002), Jimi Hendrix na guitarra e Billy Preston nos teclados, escolheu John Bonham na bateria. O baterista do Led Zeppelin, um dos bumbos mais poderosos do rock, morto em 1980, era um de seus ídolos.
Veja a lista que deve ser tocada por Paul nos shows do Brasil
1. Can’t Buy Me Love
2. Junior’s Farm
3. Letting Go
4. Got to Get You Into My Life
5. Come On to Me
6. Let Me Roll It
7. Getting Better
8. Let ‘Em In
9. My Valentine
10. Nineteen Hundred and Eighty-Five
11. Maybe I’m Amazed
12. I’ve Just Seen a Face
13. In Spite of All the Danger
14. Love Me Do
15. Dance Tonight
16. Blackbird
17. Here Today
18. New
19. Lady Madonna
20. Fuh You
21. Jet
22. Being for the Benefit of Mr. Kite!
23. Something
24. Ob-La-Di, Ob-La-Da
25. You Never Give Me Your Money
26. She Came in Through the Bathroom Window
27. Get Back
28. Band on the Run
29. I Wanna Be Your Man
30. Let It Be
31. Live and Let Die
32. Hey Jude
Bis:
33. I’ve Got a Feeling
34. Birthday
35. Helter Skelter
36. Golden Slumbers
37. Carry That Weight
38. The End
Shows da Got Back Tour Brasil 2023
30/11 - Brasília, DF - Arena BRB Mané Garrincha
3/12 - Belo Horizonte, MG - Arena MRV
9/12 - São Paulo, SP - Allianz Parque
13/12 - Curitiba, PR - Estádio Couto Pereira
16/12 - Rio de Janeiro, RJ - Maracanã
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