Quando lançou Samba pra Burro, em 1998, Otto mostrou que há muitas maneiras de misturar ritmos regionais brasileiros e música eletrônica. Para consolidar esse rumo, o músico pernambucano, ex-percussionista do Mundo Livre S.A, lança uma segunda versão de seu disco de estréia. Changez Tout - Samba pra Burro Dissecado (Trama), que chega esta semana às lojas, é duplo e sai com tiragem limitada de 5 mil exemplares. Destaque para o magnífico trabalho visual realizado por Ricardo Fernandes e Vavá Ribeiro, do núcleo de imagem da gravadora. Para fazê-lo, Otto não mexeu um dedo. São 29 remixes realizados pelos principais nomes da cena eletrônica paulistana. Segundo o compositor, a idéia de fazer o álbum surgiu depois de uma noite em que muito dançou na boate Lov.e. "Eu fui lá ver o DJ Marky, e ele me disse que queria remixar uma de minhas músicas. Falei para o Miranda (Carlos Eduardo Miranda, executivo da Trama) e ele topou", conta. Otto compara Samba pra Burro a uma mandala. Dele surgem diversos direcionamentos musicais que podem ser aproveitados. "Neste últimos dois anos ainda não vi nada parecido com o que fiz em Samba...", comenta. Eufórico com as novas tecnologias, Otto acredita que o disco tem duas funções. Uma é reunir os DJs em um único trabalho. A outra, presentear os fãs, as pessoas que realmente acompanham o seu trabalho. "Se tem uma coisa que eu gosto é de quem gosta de mim", brinca. Camisinha Preta - Otto já está com nove músicas prontas para gravar seu novo disco de inéditas. Diz não ter pressa. Quanto mais veloz o tempo cotidiano, menor o tempo de maturação intelectual para ele. Anda lendo muito Charles Bukowski, o que tem influenciado diretamente sua forma de pensar. O conceito por trás do novo título, aliás, surgiu da leitura dos escritos do maldito autor norte-americano. Vai se chamar Condom Black, um jogo de palavras com candomblé. O significado do termo, camisinha preta. "Será um disco mais raiz, onde passaremos pelo eletrônico", explica. "Terá muita percussão. Será mais acústico e ao mesmo tempo mais eletrônico que o anterior", completa. Participação confirmada, apenas a de sua banda, a Jambro Band. Na percussão pretende contar com Pupilo, da Nação Zumbi, que também deve produzir o álbum, Mario Mathias e James Miller. "Se tudo der certo, o Naná Vasconcelos pode participar". Otto está em contato com Naná porque foi convidado pelo mago percussionista a tocar na edição 2001 do Panorama Percussivo Nacional (Percpan). "Seria legal aproveitar para lançar o disco nesse evento", comenta. Condom Black deve sair em maio do ano que vem, também pela Trama. Da dissecação de Samba pra Burro participaram Bid, DJ Patife, Rica Amabis & Luca Arele, M4J, Superchocoboy, Max de Castro, Apollo 9, André Abunjamra, Edu K, Technozoide, Nude, Muchacho Alves e Garcia y Carvallo, no primeiro volume. No segundo, DJ Dolores, Mamelo Sound System, Ram Science, Kassim & Berna Ceppas, Camilo Rocha e DJ Yah!, João Marcello, DJ Nuts, Friendtronik, DJ Marky, Leon T. Jr. e DJ Spliff, Marcelinho, Edgar Scandurra, Flu, Autoload e Anvil X.
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