Quando uma banda lança um sucesso tão grande quanto Iris, a música que levou o Goo Goo Dolls ao estrelato em 1998, é comum que se associe todo o resto do trabalho a esse momento específico. Mas pela primeira vez no Brasil, depois de uma turnê em algumas cidades com o Bon Jovi, a banda americana provou ser capaz de encantar uma plateia imensa sem necessariamente ficar presa ao hit incontornável.
Claro que Iris, a última canção do set, ainda é a apoteose de uma apresentação, mas mesmos músicas mais novas, do recém lançado disco Miracle Pill (2019), trazem ao Rock in Rio o rock de estádio que o público, menos volumoso neste domingo do que nos outros dias do festival, espera.
Em entrevista à reportagem nas vésperas do festival, o vocalista John Rzeznik disse entender o tipo de vibração que o festival esperava dele, mas confessou não estar acostumado a audiências tão grandes. Na performance no Palco Mundo, porém, a banda não deu sinais em falso: uma apresentação de rock respeitável e consistente com a trajetória de uma banda que tem uma carreira pouco reconhecida em detrimento de um hit.
Embora o vocalista tenha uma postura de rock star, é o baixista Robby Takac quem rouba a cena no palco, pulando muito e mostrando que está realmente se divertindo ali. É ele quem canta Bringing on the Night, de 2013.
Rzeznik começa Iris irônico: “então vocês sabem essa?!”. A canção ganhou o status de clássico do rock FM por um motivo: é linda. Feita sob medida para a trilha sonora de Cidades do Anjos (o filme de 1998 com Nicolas Cage, remake do clássico atemporal de Win Wenders). Uma chuva fina cai na Cidade do Rock justo nessa hora, como que para coroar o show.
Outros sucessos como Broadway e Slide (também do disco de 1998, Dizzy Up The Girl) também são recebidos com atenção. Embora o domingo do Rock in Rio tenha começado com as cantoras brasileiras, o Goo Goo Dolls abriu caminho para as apresentações mais roqueiras do dia, com Dave Matthews Band e Bon Jovi ainda por subir ao palco Mundo.
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