É quase chocante ver a performance de Joss Stone, que se apresentou nesta quinta-feira, 19, no Palco Mundo do Rock In Rio. Isso porque, ao contrário do que acontece com a maioria das popstars da geração atual, não há playback (vozes pré-gravadas), hipersexualização ou preocupações alheias ao conteúdo musical. Ao invés disso, a britânica oferece elegância e talento real.
A cantora de 37 anos destoa, por exemplo, das colegas Karol G, Katy Perry, Zara Larsson e Iza – todas escaladas no festival carioca e que costumam abusar do mau gosto sonoro e estético. Joss, na verdade, parece ter saído dos anos 60 ou 70, décadas nas quais a música se sobrepunha a qualquer outro aspecto.
A artista sorridente e simpática subiu ao palco descalça, com um exuberante vestido florido, às 19h, e fez um show apressado por causa do tempo limitado (apenas 60 minutos), mas irretocável, para representar as duas décadas de música que ela criou desde a estreia em The Soul Sessions (2003), aos 16 anos. A coleção de covers antigos rapidamente lhe alçou ao status de ‘Nova Diva do Soul’ e catapultou sua carreira.
Logo de cara, ela já mostrou a que veio e emplacou sucessos como Star, You Had Me e Super Duper Love. Nesta última, Joss foi para os braços do povo, atraindo uma manada de seguranças e fotógrafos. Cena que mostrou rara conexão de um artista com os fãs nesse festival. “Temos pouco tempo aqui, então queremos entregar umas jams pesadas!”, anunciou ela, apoiada pela excelente banda de apoio – destaque para a poderosa seção de metais, as backing vocals e o guitarrista Steven Down.
Em outro momento inusitado, Joscelyn Eve Stoker (seu nome de batismo) arrancou risadas da plateia ao trocar a letra de Mr. Wakerman por ‘Mr. Vacilão’, em bom português, para dar uma alfinetada de alto nível no ex-namorado.
Está claro que a qualidade musical não é mais o foco do Rock In Rio. Logo, o show de Joss, encerrado com o mega hit Right To Be Wrong, cantado em uníssono pela multidão, é candidato desde já a ser lembrado como um dos melhores desta edição do festival.
Ao final da turnê brasileira, que ainda passa por Ribeirão Preto, São Paulo e Belo Horizonte, a cantora chegará a um total de 31 apresentações acumuladas no País com o qual ela disse nutrir uma “sensação de família”, conforme contou em entrevista ao Estadão.
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