Os alertas têm soado nesse Rock In Rio o tempo todo, algo que deveria fazer a produção de uma marca forte como essa pensar se vale mesmo a pena seguir atrás de artistas em condições deterioradas. Depois da catástrofe vocal anunciada e reforçada em matéria aqui no Estadão sobre Axl Rose – ele mesmo pediu desculpas pela noite horripilante que deu a seus fãs na quinta – esta noite de sexta, 9, foi a vez de Billy Idol. Sua voz já vinha mal, muito mal, cantando tudo na trave, mas piorou demais na clássica Eyes Without a Face, de 1984. Mesmo cantando essa canção há quase 40 anos, Idol não conseguiu achar o tom da música e parou por duas vezes constrangedoras.
O vexame foi enorme, e não se restringiu a Eyes Without a Face. Outras canções também tiveram vacilos, perda de voz, desafinação e revelaram algum possível estado de embriaguez. Aos 66 anos, Idol está péssimo no palco. É triste vê-lo correndo para conseguir algum amparo com os músicos que, desajeitados, se entreolham tentando decidir se param o show ou se seguem em frente. Sua voz sai do tempo, se perde, sai sem volume. Um dueto entre ele e Axl Rose seria a trilha sonora do Apocalipse.
Em uma entrevista ao Estadão, o empresário Roberto Medina disse que os fãs, que são fãs mesmo, não ligam para detalhes como esses, de desafinação. Eles ouviriam a música com o coração, não com os ouvidos. Será mesmo? Não seria prudente, e honesto, investir em mais curadoria e trabalho de campo? Vale insistir mesmo em Guns ‘N’ Roses até o último respiro de Axl Rose no palco Mundo enquanto se coloca Jessie J, com todo seu vigor, no Sunset? Com a história que tem, o Rock in Rio só não pode se tornar um caso de Procon.
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