Análise | Rock In Rio: os 10 melhores shows de 2024 e o porquê do sucesso

Diversos artistas passaram pelos palcos Mundo e Sunset ao longo do festival; veja quais foram os destaques

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Foto do author Danilo Casaletti
Atualização:

O Rock In Rio 2024 chegou ao fim no último domingo, 22. Com shows de diversos gêneros musicais, alguns chamaram mais atenção por conta da qualidade sonora ou da recepção do público, que acompanhou o festival na Cidade do Rock ou pela transmissão de TV e internet.

Confira abaixo uma lista com os melhores shows do Rock In Rio 2024 e confira as análises completas.

Ed Sheeran

Show de Ed Sheeran , no palco Mundo no Rock in Rio 2024, na zona oeste do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/ Estadão

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O cantor britânico levou ao Palco Mundo o melhor de sua carreira com a turnê The Mathematics, uma das mais bem sucedidas de 2023, ano em que estreou. Seguro de estar sozinho no palco - ele toca seu violão e comanda programações e efeitos por meio de pedais -, Sheeran estabeleceu algo que nem sempre ocorre em grandes festivais: rara sintonia com a plateia que fez silêncio para ouvi-lo por completo (uma foto do Estadão flagrou o público totalmente hipnotizado pelo cantor).

Sheeran pode ser o cara do folk em Castle on The Hill. Logo depois, é um rapper no mashup Take It Back/Superstition/Ain’t No Sunshine. Longe das seduções do mundo pop, como polêmicas e vaidade exagerada, o cantor curte assistir futebol - ele foi ao Maracanã acompanhar um jogo pela Copa Libertadores - e abrir seu coração diante do público.

Imagine Dragons

PKRIR 14/09/2024 - ROCK IN RIO 2024/ PALCO MUNDO - Show de Imagine Dragons no Palco Mundo , no Rock in Rio 2024, na zona oeste do Rio de Janeiro. FOTO Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/ Estadão

Classificada como a banda que faz pop rock motivacional - o vocalista Dan Reynolds já enfrentou sérios problemas de saúde mental, o Imagine Dragons é banda feliz no palco. E isso se deve justamente a Reynolds, que, carismático, não deixa o astral durante a apresentação.

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Tem tudo o que um show pop pode oferecer: pausas estratégicas para deixar o público querendo mais, chuva de papel picado colorido, vocalista se juntando ao baterista - o som da banda tem forte percussão - e uma lista de hits. Tudo o que o público quer em um festival com programação tão diversa quanto o Rock in Rio.

Deep Purple

Show do Deep Purple no Palco Sunset , no Rock in Rio 2024, na zona oeste do Rio de Janeiro. Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Coube ao lendário grupo liderado pelo frontman Ian Gillan empunhar a bandeira do bom e velho rock no Rock in Rio 2024, no segundo dia desta edição, que ainda teve Evanescence e Avenged Sevenfold na programação.

Com quase 60 anos de carreira, o Deep Purple, que fez show com vigoroso, não tinha outro roteiro a seguir a não ser o de uma sucessão de hits como Smoke On The Water e Hush, embora as músicas do novo álbum da banda, =1, também tenham sido bem recebidas pela plateia.

Shawn Mendes

Shawn Mendes contagiou o público com seu pop Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Carismático e atencioso com a plateia, o cantor e compositor canadense recebeu em troca o delírio de quem decidiu ficar até o último minuto da edição de 2024. Não houve música que o público não cantou. Wonder, Treat Your Better, Lost In Japan, Señorita, Youth e Why, Why, Why foram algumas das que fizeram parte do roteiro.

Com um pop muito bem feito, ele canta e toca bem, Mendes acerta em cheio o coração dos fãs, sempre com letras que giram torno de relacionamentos e amores.

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A apresentação teve ainda Mendes regendo um coro para o refrão de Mas Que Nada, música de Jorge Ben Jor que ficou mais conhecida na interpretação de Sérgio Mendes, e um cover de Message in a Bottle, da banda The Police.

Katy Perry

Katy Perry no Palco Mundo fez história no Rock in Rio Foto: Pedro Kirilos/ Estadão

Embora passe por um período menos inspirado, como mostra as canções do novo álbum 143, a cantora fez um show merecedor de encerrar o Dia Delas, dedicado inteiramente a artistas mulheres. Katy preparou um show especial para o festival, o que aguçou a curiosidade dos fãs - ela era facilmente citada como uma das atrações que o público mais queria ver, e isso ajudou os ingressos para o dia 20 esgotarem em 1h43.

Alternando hits e novas canções do álbum 143, lançado no mesmo dia da apresentação, a cantora passou como um furacão na Cidade do Rock, sobretudo quando cantou Hot N Cold, I Kissed a Girl e Roar - não houve quem ficasse parado.

Katy ainda proporcionou um daqueles momentos que ficarão guardados na memória do festival: chamou Cyndi Lauper ao palco para juntas cantarem Time After Time.

Cyndi Lauper

Show de Cyndi Lauper no Palco Mundo , no Rock in Rio 2024, na zona oeste do Rio de Janeiro.  Foto: Pedro Kirilos/ Estadão

Uma das pioneiras do pop e figura central do sucesso do gênero nos anos 1990, Cyndi, aos 71 anos, fez sua estreia no Rock in Rio. Apenas isso já seria de extrema importância. Mas ela foi além. Carismática e em excelente forma vocal, a cantora, acompanhada por sua banda, mostrou que pop ainda se faz ao vivo, sem playback.

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O momento alto do show, obviamente, se deu com True Colors e Girls Just Want to Have Fun. Sempre engajada, Cyndi pediu ao público que incluísse o candidato à presidência dos Estados Unidos Donald Trump na lista dos “idiotas” que precisam ouvir a mensagem que um dos maiores hinos feministas de todos os tempos. Saiu do palco ovacionada.

Show Dia Brasil , Para sempre Trap no Palco Mundo atrasado, no Rock in Rio 2024, na zona oeste do Rio de Janeiro . Público recebe copos de água. Foto: Pedro Kirilos/ Estadão

O rapper americano arrastou uma multidão de jovens para a Cidade do Rock no primeiro dia do festival. Atrasou mais de 40 minutos para subir ao palco - a produção do festival detesta esse tipo de contratempo - reclamou por conta de um telão que não funcionou como o esperado e fez apresentação curta e corrida.

No entanto, um dos ídolos do trap mundial levou a moçada a uma catarse com a turnê Circus Maximus Stadium Tour. Tremeu tudo, como sempre ocorre em suas performances. Se as letras de Travis falam em sexo, drogas, palavrões e depreciam as mulheres, a questão a ser discutida é outra: por que elas atraem os jovens?

Ivete Sangalo

Ivete Sangalo é cantora brasileira que mais se apresentou no Rock in Rio Foto: Pedro Kirilos/Estadão

O título é da Ivete: a cantora brasileira que mais se apresentou no Rock in Rio (foram 19 vezes). Escalada para abrir a programação do Palco Mundo na sexta-feira, a cantora baiana já encontrou a Cidade do Rock lotada. Com seu show óbvio - um roteiro com seus principais hits -, Ivete fez o carnaval em pleno setembro.

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Quando cantou Eva, música que a lançou para o sucesso, ainda na Banda Eva, a cantora passeou suspensa por cabos de aço sob a plateia. Nos bastidores, disse ao Estadão que precisava olhar nos olhos do público. Disse mais: ao “voar”, desejou ser livre.

Os Paralamas do Sucesso

PKRIR 15/09/2024 - ROCK IN RIO 2024/ PALCO MUNDO - Show dos Paralamas do Sucesso no Palco Mundo , no Rock in Rio 2024, na zona oeste do Rio de Janeiro.  Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Obviamente, muito se espera por bandas internacionais nos festivais brasileiros. Nada mais justo, afinal, nem sempre esses artistas estão por aqui e trazê-los inclui longas negociações, alinhamento de datas e um caminhão de dinheiro.

Mas há uma grande banda bem por perto - e isso já tem mais de 40 anos. Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone ainda tocam muito. E os riffs que criaram, na guitarra, bateria ou teclado, anunciam sempre um clássico do rock nacional. Nunca menos que isso. Vital e Sua Moto, Óculos e Lanterna dos Afogados são apenas alguns dos exemplos da excelência dos Paralamas.

Pra Sempre MPB

Ney Matogroso em apresentação no show Pra Sempre MPB Foto: Daniel Ramalho/AFP

Um dos shows do Dia Brasil, Pra Sempre MPB reuniu Ney Matogrosso, Zeca Baleiro, Gaby Amarantos, Majur, BaianaSystem, Carlinhos Brown e Daniela Mercury. Um elenco tão diverso poderia resultar em uma apresentação confusa. Não foi o que ocorreu.

O roteiro, muito bem organizado, deu uma sutil amarração para mostrar que a chamada MPB, sigla que no passado para elitizar a música brasileira, é, na verdade, aquela que nasce da diversidade e, sobretudo, na rua, perto do povo.

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Análise por Danilo Casaletti

Repórter de Cultura do Estadão

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