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Opinião|Samuel Rosa estreia turnê solo em SP e prova que há vida após o Skank (mas não sem o Skank)

Em apresentação poderosa na capital paulista, artista mesclou canções novas aos hits indefectíveis da banda mineira

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Atualização:

Samuel Rosa, de 58 anos, estreou sua nova turnê na sexta-feira, 2, no Espaço Unimed, em São Paulo, de forma surpreendente. Em nova fase e divulgando seu primeiro trabalho como artista solo, o ótimo álbum Rosa, o cantor tomou uma rara decisão de abrir o show inédito com três canções recém-lançadas.

Apesar da ousadia, o clima começou morno. Me dê Você, Aquela Hora e Tudo Agora até ganharam roupagens mais vibrantes em suas versões ao vivo, mas foram recebidas sem tanto entusiasmo pelo público. Ainda assim, foram essenciais para evocar o clima de frescor que seria incorporado à nostalgia durante o resto da noite.

Como era de se esperar, nem tudo foi novidade e o roteiro não ignorou os principais clássicos do Skank, responsáveis por animar a plateia. Amores Imperfeitos, Três Lados, o monumental cover Vamos Fugir, de Gilberto Gil, Canção Noturna e Balada do Amor Inabalável deram uma amostra rápida da versatilidade e da força do catálogo da banda mineira, que fundiu rock, pop, soul, bossa nova, ska e reagge como ninguém.

Samuel Rosa em seu primeiro show solo, no Espaço Unimed, em São Paulo, em 2 de agosto de 2024. Foto: Rafael Strabelli / Espaço Unimed

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Outras filhas caçulas, Flores da Rua e Segue o Jogo, se encaixaram perfeitamente ao baile, antes do artista saudar a multidão, dividida entre pista e mesas na tradicional casa de shows na zona oeste da capital paulista.

“Boa noite, São Paulo! Obrigado por virem testemunhar esse músico que está no palco diante de vocês, agora novato. Temos muito o que aprender!”, brincou o anfitrião sobre o novo momento. Mais tarde ele dedicaria o show às medalhistas olímpicas Rebeca Andrade e Bia Souza.

A competente banda de apoio que acompanhou o músico de 58 anos é formada por Marcelo Daí, na bateria; Alexandre Mourão, no baixo; Doca Rolim, na guitarra; e Pedro Pelotas, nos teclados; além da poderosa seção de metais com Pedro Aristides, Pedro Motta e Vinicius Augustus.

Mulheres místicas e parcerias celebradas

As mulheres místicas do universo artístico de Samuel marcaram presença: Jaqueline, a “menina tão bonita que enjoa”, do hit seminal Jackie Tequila; a recém-criada Dinorah, com “cheiro de fogo”, de Ciranda Seca; o “anjo do vestido preto indefectível” de Garota Nacional (única música do Skank a sofrer alterações consideráveis nos arranjos); e até mesmo a “loura do olho azul” de Lourinha Bombril, imaginada pelos Paralamas do Sucesso.

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“Eles são os professores”, disse o cantor ao homenagear a banda liderada por Herbert Vianna. “Outro professor, a quem eu devo muito, e que está presente hoje aqui é o Jorge Ben Jor. Salve Jorge!”, anunciou Samuel, antes de tocar Oba, Lá Vem Ela diante da lenda da MPB, que assistia ao show dos camarotes.

Não só o vinculo com os Paralamas foi representado, mas também com IRA!, na versão de Tarde Vazia, belíssima composição de Rosa com Edgard Scandurra eternizada no Acústico MTV (2004).

Samuel Rosa em seu primeiro show solo, no Espaço Unimed, em São Paulo, em 2 de agosto de 2024. Foto: Rafael Strabelli / Espaço Unimed

Já a parceria histórica com Nando Reis foi celebrada com Dois Rios, Resposta, Ainda Gosto Dela e Sutilmente, mas sem a estrondosa É uma Partida de Futebol, omissão chocante do setlist. Uma turnê conjunta entre os dois astros, inclusive, vem sendo planejada, conforme Samuel revelou em entrevista ao Estadão.

A reta final do concerto de pouco mais de 2 horas ainda contemplou os clássicos Te Ver, Acima do Sol, Saideira, Tão Seu, Tanto (I Want You) e Vou Deixar, além da novata Rio Dentro do Mar – desta forma, 7 das 10 faixas do disco recente foram executadas, contrapondo 18 temas do Skank.

Fato é que o equilíbrio entre o velho e o novo demonstra que Samuel está no caminho certo para se estabelecer como uma grande atração solista após o término de uma dos grupos mais populares da música brasileira.

Opinião por Gabriel Zorzetto

Repórter de Cultura do Estadão

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