Maestro japonês Seiji Ozawa, que conduziu orquestras de maior prestígio do mundo, morre aos 88 anos

Multipremiado, o regente, que recebeu a maior honraria do Japão, foi vítima de insuficiência cardíaca

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Por AFP
Atualização:

O maestro japonês Seiji Ozawa, que conduziu orquestras de maior prestígio do mundo durante sua longa carreira, morreu no dia 6 de fevereiro, em Tóquio aos 88 anos, informou a imprensa japonesa. O canal de televisão público NHK e outros meios de comunicação japoneses informaram que Ozawa foi vítima de insuficiência cardíaca.

De acordo com o jornal The New York Times, ele teve problemas de saúde recentemente e não havia se recuperado totalmente de uma cirurgia de câncer de esôfago feita em 2010. O maestro também teria problemas de coluna que se agravaram durante a recuperação e foi foi internado com uma doença na válvula cardíaca nos últimos anos.

Maestro Seiji Ozawa, após receber homenagem do Kennedy Center Honors, na Casa Branca, para e cumprimenta criança na plateia  Foto: Andrew Harnik/AP

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De acordo com o jornal The Japan Times, Ozawa atuou em diversas orquestras nos Estados Unidos, tendo tipo o mandato mais longevo da história da Sinfônica de Boston (BSO). Ele foi diretor musical da orquestra por 29 anos, entre 1973 e 2002, quando foi aclamado pela crítica pelas apresentações e gravações, especialmente de compositores como Tchaikovsky, Mahler e Ravel.

O maestro trabalhou também com a Filarmônica de Nova York, a Sinfônica de São Francisco e a Sinfônica de Toronto. Na Europa, atuou como regente convidado de orquestras como as reconhecidas Filarmônica de Berlim e a Filarmônica de Viena. De 2002 a 2010, atuou como diretor musical da Ópera Estatal de Viena.

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Ozawa nasceu em 1935 em Shenyang, que atualmente pertence à China, e desde muito pequeno era apaixonado pelo piano. Após se formar no equivalente ao ensino médio, foi estudar regência com o celebrado maestro e educador japonês Hideo Saito, na Escola de Música Toho.

Dez anos após a morte do mentor, em 1984, Ozawa o homenageou com um concerto que reuniu colegas estudantes mundialmente aclamados. Foi o nascimento da Orquestra Saito Kinen, que deu origem ao Saito Kinen Festival Matsumoto (SKF). Lançado em setembro de 1992, era um festival musical sob a direção de Ozawa e tinha dois pilares de concertos orquestrais e ópera.

Em 2015, o festival mudou de nome para Seiji Ozawa Matsumoto Festival (OMF). “Ao envolver a Orquestra da Academia de Música Seiji Ozawa, o OMF tem como objetivo enriquecer o programa educacional e oferecer mais oportunidades para os jovens interagirem com a música”, diz o site do evento.

Na década de 1960, Ozawa se se tornou diretor artístico do Festival Ravinia em Illinois, da Orquestra Sinfônica de Chicago. Em 1965, o maestro e compositor americano Leonard Bernstein o recomendou para ser diretor administrativo da Orquestra Sinfônica de Toronto.

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Na década seguinte, o maestro esteve à frente da Orquestra Sinfônica de San Francisco e do Berkshire Music Center em Tanglewood, de Massachusetts, ligado à a Orquestra Sinfônica de Boston, com quem teve vínculo até 2002.

Em 1980, mesmo com sua intensa atividade nos Estados Unidos, Ozawa foi nomeado diretor artístico honorário da Orquestra Filarmônica do Japão.

A última apresentação de Ozawa ocorreu em 2006, em Tanglewood, O maestro tentou voltar aos palcos em outras duas ocasiões, em 2010 e 2016, mas problemas de saúde frustraram seus planos.

Um maestro premiado

Seiji Ozawa foi reconhecido pelo trabalho nas artes dentro e fora do país-natal, tendo recebido o Praemium Imperiale em 2011, medalha concedida pela Japan Art Association a personalidades de destaque nos campos de pintura, escultura, arquitetura, música e teatro ou filme. Ele foi agraciado também com a prestigiada Ordem da Cultura em 2008, a maior honraria do Japão, entregue pelo imperador japonês àqueles que contribuíram com a arte, literatura, ciência e tecnologia do País.

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Ainda na longa lista de prêmios, o maestro ganhou um Grammy de melhor gravação de ópera em 2016 e um Emmy pela direção de música da série Evening at Symphony, em 1976.

Em 2015, Ozawa se tornou o primeiro japonês a receber uma medalha do Kennedy Center Honors, prêmio entregue desde 1978 pelo Centro de Artes Cênicas John F. Kennedy, nos Estados Unidos. A honraria é destinada a artistas de diferentes categorias pela contribuição para as artes cênicas na cultura americana. No mesmo ano, o cineasta George Lucas também recebeu a homenagem.

O site do Kennedy Center Honors destaca que o regente era um profundo incentivador da educação, realizando sessões de grupos de estudo de música de câmara ao longo dos anos em Okushiga (Japão), com foco em quarteto de cordas. “Em 2005, ele fundou a Seiji Ozawa International Academy Switzerland voltada para estudantes de música europeus e, em 2011, criou a Ozawa International Chamber Music Academy Okushiga, na Ásia, para oferecer uma oportunidade a músicos de destaque de outros países da região”, diz a instituição.

Lá estão listados também alguns dos muitos prêmios e honrarias recebidos por ele Japão e no exterior: a Cruz de Honra Austríaca para Ciência e Arte, Primeira Classe (2002); Officier de la Legion d’Honneur (2008); Membro Associado Estrangeiro da Acad ie des Beaux-Arts de l’Institut de France (2008; e membro honorário da Filarmônica de Viena (2010).

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* com informações da AFP

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