Pense no seguinte script: oito velhos amigos, já músicos experientes e consagrados, decidem excursionar pelo mundo com o intuito de levantar algum dinheiro e tocar os clássicos de sua antiga banda. O final do filme teria tudo para ser desastroso, obviamente. O enredo, entretanto, tem uma reviravolta quando o tal grupo em questão é o Dire Straits. Phil Palmer, Alan Clark, Danny Cummings, Mel Collins, Andy Treacey, Mickey Feat, Primiano Dibiase e Marco Caviglia, todos ex-integrantes do conjunto britânico, desembarcam em São Paulo nesta quinta-feira, 4, para apresentar o projeto Dire Straits Legacy na capital paulista. O show deve ser recheado de clássicos que marcaram uma geração. “Acho que o Dire Straits é uma dos nomes mais respeitados da história do rock. Para mim, é uma honra ter feito parte disso”, contou o tecladista Alan Clark ao Estado por telefone.
Foi justamente com Alan Clark nos teclados que o Dire Straits gravou o lendário álbum Brothers in Arms, em 1985. So Far Away, Money For Nothing e Walk Of Life, três dos maiores hits do Dire Straits, contaram com a colaboração do músico. O trabalho foi o divisor de águas na carreira dos ingleses, que, depois disso, alcançaram o estrelato. Mesmo que todas as letras de Brothers in Arms tenham sido escritas por Mark Knopfler (exceto Money For Nothing, fruto de uma parceria entre Knopfler e Sting), Clark lembra com carinho das gravações do álbum. “Foi um grande trabalho. Acho que a essência do Dire Straits está ali. O Mark Knopfler chamou a responsabilidade e conduziu a sonoridade da banda de forma instigante. Lembro de estarmos focados no trabalho. Queríamos que aquele álbum marcasse época e, de fato, marcou”, lembra Clark.
A ideia de reunir os ex-integrantes começou em 2013, na Itália. Foram, no total, 5 apresentações pelo país. Todas com ingressos esgotados. A partir dali, Phil Palmer, Pick Withers, Danny Cummings, Jack Sonni, Mel Collins, Marco Caviglia, Primiano Dibase e Maurizio Meo, que integravam a banda à época, viram o quão carente os fãs estavam dos sucessos da banda, que não subia aos palcos desde 2011. Vale lembrar que nenhum dos integrantes originais do Dire Straits (Mark Knopfler, David Knopfler, John Illsley e Pick Withers) integram atualmente o Dire Straits Legacy. “A diferença sonora é mínima. Quem gosta mesmo de Dire Straits jamais vai achar nosso show ruim. Embora uns mais e outros menos, todos ali fizeram parte do grupo. Considero, sim, esta a primeira passagem do Dire Straits pelo Brasil. Vai ser a realização do sonho de muita gente que queria nos ver, ainda que sem o Mark Knopfler”, afirma Clark. Depois de se apresentar em São Paulo, o Dire Straits Legacy fará outros quatro shows no Brasil. A banda passará por Porto Alegre (5/5), Florianópolis (6/5), Vitória (11/5), Salvador (12/5) e Recife (13/5).Sem Mark Knopfler, banda perde a sua identidade
A vinda do Dire Straits Legacy ao Brasil pode até amenizar a saudade dos fãs em relação à banda, mas sem Mark Knopfler, criador e idealizador do grupo, o conjunto parece distante de sua melhor performance ao vivo. Knopfler é o responsável pelos maiores sucessos do Dire Straits. Longe do grupo desde 1995, quando anunciou sua saída do conjunto, Knopfler era o verdadeiro gênio do Dire Straits. Quando pegava sua guitarra e lançava riffs estridentes, o músico crescia em proporções absurdas. Tal posto o coloca tranquilamente entre os melhores instrumentistas do mundo. O brilho de Knopfler, entretanto, continua assolando o restante da banda, que se esforça bastante pra não ficar à margem de seu fundador. “Todos nós sabemos da importância do Mark Knopfler para a banda. Ele, certamente, será sempre associado ao nome Dire Straits. Mantenho um contato esporádico com ele. Nos vimos algumas vezes, mas acho que tê-lo de volta ao grupo é impossível. O Mark tem uma carreira solo consolidada e está focado em outras coisas. Acho que nem ele pensa numa volta, por exemplo.”, conclui o tecladista Alan Clark.
'Brothers in Arms' é a obra-prima do rock 'n' roll Lançado em 1985, o disco Brothers in Arms é biografia essencial não só para entender a história do Dire Straits, mas também a do rock mundial. Foi justamente a partir deste trabalho que o grupo liderado por Mark Knopfler passou a repercutir mundialmente. Composições como So Far Away, Money For Nothing e Walk Of Life fizeram o álbum figurar na lista dos mais vendidos da história do Reino Unido, com mais de 5 milhões de cópias. Brothers in Arms foi gravado em Montserrat, uma ilhota caribenha pertencente ao Reino Unido, durante cinco meses. Trancados num minúsculo estúdio de 20 x 25 pés de largura, os rapazes do Dire Straits se superaram durante as gravações. Os bem bolados riffs de guitarra de Mark Knopfler pontuam todas as faixas, a começar por Money For Nothing, parceria com Sting, e grande sucesso da banda.DIRE STRAITS LEGACY Espaço das Américas. Rua Tagipuru, 795 - Barra Funda. Tel.: 3864-5566. 5ª, às 22h30. De R$ 180 a R$ 380