Garbage faz ótimo show para plateia fria no The Town

Carisma de Shirley Manson e esforço de Butch Vig não conseguiram elevar a temperatura no palco Skyline

PUBLICIDADE

Foto do author Julio Maria
Atualização:

Há duas frentes bem evidentes no Garbage, duas forças que se não fossem complementares fariam tudo explodir e o grupo ir pelos ares: o baterista Butch Vig, conhecido por ter produzido álbuns do grunge e do pós grunge, como Siamese Dream (do Smashing Pumpkins), Dirty (do Sonic Youth) e, sua glória, Nevermind (do Nirvana), e a cantora e modelo Shirley Manson, uma escocesa de 57 anos que se tornou uma espécie de força feminina do rock indie dos anos 90.

São os dois motores que movem tudo, a voz e a bateria, por mais que as guitarras de Steve Marker e o baixo de Duke Erikson levem o som para o sombrio clima distópico da era cinzenta do rock dos anos 90, como mostraram logo na abertura do show que fizeram neste sábado, 9, no Palco Skyline do The Town.

Garbage no The Town Foto: Taba Benedicto/Estadão

PUBLICIDADE

Mas Shirley, vestida de rosa e preto, tem uma presença tão marcante quanto o histórico de Vig. Sua voz ou arrasta-se num lamento depressivo, como em Crush, ou anuncia o apocalipse com raiva, como em The Men Who Rule the World. Isso até Run Baby Run, a face mais feliz do Garbage, lembrar que o grupo também faz dance music dos anos 90.

Shirley fala bastante, elogia a atração que iria fechar a noite, o Foo Fighters, e começa Special, quando as coisas ficam mais pesadas. Wolves pega sua plateia pelo coração e Cities in Dust é anunciada com a mesma vibe nostálgica, citando até a MTV dos velhos tempos. Então, no mesmo bloco ascendente, lanca Stupid Girl, e o Garbage já não parece mais a mesma banda que abriu o show. Está brilhante e otimista.

Publicidade

Além de três ou quatro músicas mais recentes, eles não puderam mostrar muitas faixas do álbum de 2021, seu mais recente, No Gods No Masters, mas é sobre esse título que parece sempre se inspirarem. “Sem deuses, sem mestres” é uma expressão anarquista ligada à libertação pessoal e, por isso, suas letras pregam o fim do materialismo, do individualismo, do racismo e do sexismo. Bem mais comportado do que as ideias desses rompimentos todos, seu som pop foi acolhido apenas generosamente pelos fãs. Um show tecnicamente perfeito para uma audiência talvez mais preocupada com a chegada do Foo Fighters.

Garbage no The Town Foto: Taba Benedicto/Estadão

Setlist do Garbage no The Town 2023

  1. Supervixen
  2. #1 Crush
  3. The Men Who Rule The World
  4. Run Baby Run
  5. Wolves
  6. Cities In Dust
  7. I Think I’m Paranoid
  8. Stupid Girl
  9. No Gods No Masters
  10. Godhead
  11. Vow
  12. Only Happy When It Rains
  13. Push It
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.