Mick Hucknall não via sentido seguir com o Simply Red. O último disco de inéditas, Stay, saiu em 2007, e o vocalista partiu para dois álbuns solos, lançados em 2008 e 2012. Nenhum dos dois, contudo, trazia canções recentes. Nesta nova vida caseira, ele foi abordado pelo empresário de longa data com a lembrança de que a banda comemoraria 30 anos desde a estreia de Picture Book. Hucknall, cuja ideia era de que 25 anos de Simply Red era tempo suficiente, decidiu reunir o antigo grupo, mas não sem, antes, lançar um novo disco, Big Love (no Brasil, chega às lojas dia 16 de junho). No papo abaixo, por telefone, ele detalha os bastidores da gravação do álbum e da possibilidade de a banda vir ao Brasil.
Você havia dito que 25 anos era o bastante para o Simply Red. Naquela época, imaginava que a pausa não era definitiva?
Acho que o que aconteceu foi que, no fim do verão do ano passado (no Hemisfério Norte), meu empresário foi até a minha casa falar comigo. Disse: “Caso você não tenha percebido, em 2015 será o 30.º aniversário do Simply Red. Você quer fazer algo?”. Questionei o que eu poderia fazer. Sabe, muitos artistas não estão aqui depois de 30 anos. Era a coisa certa a fazer. A próxima celebração será aos 40 anos. Se eu ainda estiver por aqui, pode contar comigo.
E como nasceu o novo disco? Se meu empresário não tivesse ido na minha casa naquele dia, não haveria disco. Estava ali, trabalhando no meu jardim, pensando no meu cotidiano em casa, em como eu amo ficar lá. Comecei a pensar em como seria o som do Simply Red em 2015. Imaginei que a gravadora gostaria de lançar algo para comemorar os 30 anos de banda, provavelmente uma coletânea. Decidi compor algum material inédito para incluir lá. Ao fim da terceira música, percebi que tinha um desafio diante de mim, que era gravar o disco todo. Fiz isso entre preparar o café da manhã para a minha filha e levar o cachorro para passear.
Depois de tanto tempo, qual foi o ponto de partida? A primeira canção que escrevi foi Big Love, que acabou dando nome ao novo disco. Mas percebi que ela era muito lenta e gostaria de um single mais acelerado para lançar. Assim compus Coming Home. Tudo partiu daí.
Musicalmente falando, qual é o som do Simply Red em 2015? É algo que eu pensei bastante. Durante a minha carreira, sempre falavam que fazíamos algo como blue eye soul. Isso me fez pensar no que as pessoas gostam no Simply Red, quais são as características que os fãs mais admiram. Isso me fez olhar para os nossos 30 anos de carreira e analisar o que consigo fazer agora. Focar novamente nesta identidade.
O último disco de estúdio, ‘Stay’, por sua vez, fugia de tudo o que vocês vinham fazendo. Queria colocar o Simply Red de volta nos eixos? Estava pensando nos fãs, no que eles gostariam de ouvir. Esse disco traz detalhes de quem eu sou hoje. Uma canção do álbum, Dad, por exemplo, fala do sentimento de perder o meu pai e, ao mesmo tempo, da minha experiência com uma filha. Já tentei compor e essas músicas acabam soando como o Simply Red. Não consigo escapar de mim mesmo.
Uma passagem pelo Brasil está nos planos? Sim, vamos para a América do Sul. Ainda não tenho as datas, mas estou muito contente.
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