As estrelas são realmente “gente como a gente”, como diz o ditado? Na verdade, não. Ou não na maioria das vezes. Mas a diva do pop Taylor Swift teve um momento claramente mortal no palco durante uma apresentação no fim de semana passado de sua turnê The Eras Tour em Chicago, nos Estados Unidos.
A certa altura, Swift teve um ataque de tosse, informando aos fãs que um inseto havia entrado em sua boca impecavelmente pintada com batom. Taylor pareceu levar o assunto na esportiva e, imediatamente, brincou que o lanche surpresa era “delicioso”.
A cantora até fingiu um pouco de vergonha: “Existe alguma chance de nenhum de vocês ter visto isso?”, perguntou. Taylor, então, assegurou à multidão que ela não estava ferida. “Está tudo bem, tudo bem. É , eu engoli”, disse a cantora que se apresentará no Brasil no mês de novembro.
“Então, vou tentar não engolir tantos desses”, disse ela, assim que a tosse parou. “Isso vai acontecer de novo esta noite. Há tantos insetos aqui. Há milhares deles. De qualquer forma, isso foi divertido.”
Assista ao vídeo do momento:
Os encontros da maioria das pessoas comuns com insetos não são notícia. Mas é claro que o de Taylor sim. Vídeos do momento foram amplamente compartilhados nas redes sociais, com pessoas fazendo piadas sobre a sorte do inseto.
“Dá pra acreditar que um inseto foi à The Eras Tour e conheceu Taylor Swift e eu não????”, escreveu um fã.
Mas aqui é onde - pelo menos naquele momento - nós, terráqueos, temos algo em comum com a estrela pop: todos nós comemos insetos. inalá-los, como fez Swift, ou comê-los em nossa comida, muito comum. “Insetos estão por toda parte”, diz Jerome Grant, professor de entomologia da Universidade do Tennessee, nos Estados Unidos.
Faz mal engolir ou comer insetos?
“Eles fazem parte de nossas vidas . Eles não vão a lugar nenhum, e nós não vamos a lugar nenhum, então temos que aprender a conviver com eles, mesmo que às vezes isso signifique engoli-los”, diz o professor. A maioria deles, particularmente aqueles que normalmente inalamos ou ingerimos através de alimentos, são totalmente inofensivos, explica ele.
Algumas pessoas podem ter alergias desencadeadas por baratas ou escamas (que são estruturas semelhantes a asas) em mariposas, observa ele. Porém, uma pessoa teria que consumi-los em grandes quantidades para ser vítima disso.
Pessoas com alergias a frutos do mar são mais propensos a ter reações a insetos porque os insetos pertencem ao filo Artrópodes, que se refere aos seus “apêndices articulados”, que são como os de camarões, lagostas e lagostins.
Mas, e para a maioria das pessoas? “Apenas um pouco de proteína extra “, diz Grant.
É difícil definir quantos insetos realmente consumimos regularmente. Grant viu estimativas on-line afirmando que as pessoas comem de 0,5 a 1 quilo de insetos por ano, uma possibilidade que se repetiu em outras publicações, incluindo o New York Times e até a Scientific American. Porém, ele acha isso extremamente improvável.
Um inseto médio pesa de 2,5 a 3 miligramas, calcula o professor, o que significa que, para atingir um quilo, você teria que consumir mais de 300.000 insetos anualmente, mesmo assumindo que os insetos eram grandes.
Ninguém come mais de 800 insetos por dia. Ele também não está convencido por relatos anedóticos de pessoas respirando acidentalmente grandes quantidades de insetos enquanto dormem, o que ele acha que provavelmente acordaria as pessoas. “Você conhece alguém que comeu uma aranha durante o sono?” ele pergunta.
O Departamento de Agricultura dos EUA indicou que a estimativa de rumores de 0,5 a 1 quilo por ano é muito exagerada. “Está previsto que você coma até meio quilo de insetos durante a vida - por acidente, é claro”, escreveu o departamento em uma página sobre insetos escrita para crianças.
Lei permite que haja insetos nos alimentos
Para ter uma ideia de como isso pode acontecer, existe o “Manual de Níveis de Defeitos Alimentares” da FDA (Food and Drug Administration,órgão governamental dos Estados Unidos que faz o controle dos alimentos), um dos documentos mais assustadores que existem. Basicamente, ele descreve quantas coisas nojentas - tudo, desde pedaços de insetos a pêlos de roedores e pontas de cigarro - que são permitidas em vários alimentos.
No fubá, por exemplo, não há problema em ter um inseto inteiro ou 25 fragmentos de inseto a cada 50 gramas, ou cerca de um quarto de xícara. Sucos cítricos são permitidos cinco ovos de mosca ou uma larva por xícara. A farinha de trigo pode ter 75 ou mais fragmentos de insetos em cada meia xícara ou mais.
Portanto, esse é o material que (pode) estar em nossa comida (embora seja importante observar que esses são os limites máximos permitidos, não que os insetos estejam realmente presentes em tais quantidades).
E muitas pessoas ao redor do mundo, é claro, comem insetos de propósito. Além disso, existem aqueles que você inala, à la Taylor Swift. Isso acontece muito raramente, diz Grant, e você geralmente sabe quando isso acontece.
O professor calcula, apenas por meio de medições empíricas, que já respirou insetos duas ou três vezes este ano. Uma pessoa pode sugar mais se estiver muito ao ar livre; motociclistas, e também ciclistas, e pessoas que passam muito tempo pilotando cortadores de grama têm maior probabilidade de encontrá-los pela frente. E suas chances aumentam em lugares onde as luzes as atraem, como em um jogo de beisebol ou em um show ao ar livre.
Grant diz que Swift ofereceu o modelo perfeito para lidar com um inseto que - de alguma forma- chegou à sua boca. “Ela não exagerou”, diz ele. “Ela fez uma piada e até transformou em algo positivo para seus fãs.” E ele observa que Swift parece ter sobrevivido à provação sem perder o ritmo. “Ela parece bem agora!”.
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