Escolhido para encerrar esta segunda edição do Primavera Sound, , o The Cure sustentou mais de 2h30 de um show em clima catártico e romântico com os maiores sucessos e outras faixas menis óbvias da banda inglesa. Ao fim, ficou provado porque este era o maior nome do evento: nenhuma apresentação reuniu um público tão grande que invadia os limites dos outros palcos e se mantinha atento do início ao fim.
Apesar de cativante, o show demorou a engatar. Abrindo com Alone, o vocalista Robert Smith parecia ignorar as milhares de pessoas no gramado do Autódromo de Interlagos - mas ao menos foi capaz de fazer uma performance em tom intimista, potencializada pela dramaticidade que interpretou a música. Ao final, ele agradeceu o público brasileiro após ser ovacionado: “É muito bom estar de volta”.
O The Cure não tocava no Brasil havia 10 anos, tempo suficiente para uma geração inteira de novos fãs se apaixonarem pelo som do grupo que, apesar de odiar o rótulo e não se encaixar muito bem na definição, tornou-se sinônimo do rock gótico dos anos 70 e 80. Pela plateia, casais adolescentes se misturavam a famílias, algumas delas com o pai colocando a filha sobre os ombros para mostrar mais de perto uma paixão passada adiante.
A primeira unanimidade foi Lovesong, cujo refrão conseguiu arrancar um coro dos fãs mais jovens e mais velhos. Do palco, Smith esboçou um sorrisinho de canto ao ouvir o coral de baixo entoando “However far away I’ll always love you”. “Obrrrigado”, disse ao final, em português.
Com um beijo nas cores do Brasil estampando a camisa, Robert Smith falou pouco com o público e preferiu se expressar pelas músicas e por sinais subliminares, sempre que ouvia um coro mais forte e acenava a cabeça. Apesar de não ter todas as letras na ponta da língua, o público do começo ao final mantinha os olhos pregados no palco ou no telão, um comportamento replicado nas pistas e balcões da área vip e dedicado exclusivamente ao The Cure nesta edição.
Público sentiu problemas no som
Um problema gritante e que parecia incomodar boa parte do público no fundo foi a intromissão do show de The Blessed Madonna, no palco ao lado. Apesar de não ser uma falha nova ou exclusiva deste festival, ela ainda assim não deixa de ser irritante e até inacreditável a essa altura.
Mas isso não foi suficiente para prejudicar a emoção dos fãs, alguns deles acampados na grade do palco desde o início da tarde. Se às vezes o show parecia morno, bastavam os primeiros acordes de queridinhas como “Inbetween days” ou “Just like heaven” para o público se empolgar de novo.
O primeiro bis entrou com força, após mais de uma hora de show e com um Simon Gallup em transe na guitarra, que em algumas horas se esfregava no baixo de Parry Bamonte, em outras no próprio Smith. Um dos ápices foi o solo tocado em Charlotte Sometimes, obrigatoriamente aplaudido pelos fãs.
Mantendo uma tradição pouco seguida pelos outros artistas principais do Primavera, o The Cure guardou o melhor (ou maior) hit para o final, encerrando com o bombardeio de Friday I’m in love, Close to me, Why Can’t I be You e Boys Don’t Cry, esta última uma inverdade desmentida ao longo das mais de duas horas de show, onde o telão mostrou meninas adolescentes e marmanjos com mais de 60 anos dividindo a mesma grade e as mesmas lágrimas.
Fotos do The Cure no Primavera Sound
Setlist do The Cure no Primavera Sound
- Alone
- Pictures of You
- High
- A Night Like This
- Lovesong
- And Nothing Is Forever
- Burn
- Fascination Street
- Push
- In Between Days
- Just Like Heaven
- At Night
- Play for Today
- A Forest
- Shake Dog Shake
- From the Edge of the Deep Green Sea
- Endsong
- It Can Never Be The Same
- Want
- Plainsong
- Disintegration
- Lullaby
- Hot Hot Hot!!!
- The Walk
- Friday I’m In Love
- Close To Me
- Why Can’t I Be You?
- Boys Don’t Cry
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