Ninguém disse que produzir o “Rock in Rio paulista” seria uma tarefa fácil - mas também não precisava ser tão difícil assim.
O primeiro dia do The Town, festival estreante que aconteceu no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, neste sábado, 2, teve algumas surpresas e muitos perrengues. Encontros de Demi Lovato com Luísa Sonza e de Post Malone com um fã brasileiro chamado Daniel, cunhado de Sasha Meneguel, foram destaques no palco. Fora dele, uma chuva inclemente, problemas na entrada e no transporte, incluindo um ônibus que pegou fogo, além de um “show de luzes” anticlimático, prometido como histórico, foram notas negativas.
O evento, que esperava 100 mil pessoas, teve suas vendas esgotadas, segundo a organização. No caminho, fãs já encontraram problemas, com dificuldades no deslocamento nos trens, lotados e atrasos na entrada. Um ônibus a serviço do festival pegou fogo na avenida 23 de Maio, mas passageiros não foram feridos. Já à noite, o Autódromo ficou sob forte chuva durante os principais shows.
Apesar dos problemas, os palcos inspirados na cidade de São Paulo receberam shows empolgantes. Além de Post Malone e Demi Lovato, o melhor do dia foram shows de funk e rap, de novos ídolos como MC Hariel e Tasha e Tracie aos ícones Racionais MCs.
Dentro do Autódromo o maior problema foram os trechos alagados e enlameados. O “Rock in Rio de São Paulo” - evento criado por Roberto Medina, criador do festival carioca - parecia até bem estruturado, usando bem o espaço de Interlagos, com palcos principais menos afastados. Mas a lama foi muita em vários locais - seria difícil fugir dela com tanta chuva e com trechos gramados.
Ao contrário do Rock in Rio 2022, atrapalhado por caixas com volume baixo, o The Town teve som poderoso. Apesar da estreia conturbada, o evento, que continua nos dias 3, 7, 9 e 10, ainda tem potencial para se firmar como o principal festival de música de São Paulo. A conferir.
O festival que fez de tudo para homenagear a terra da garoa acabou fazendo mais homenagem do que esperava, com chuva que não acabava mais. Veja o resumo do primeiro dia do The Town:
Post Malone com banda poderosa e cunhado de Sasha
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Post Malone voltou ao Brasil um ano após se apresentar no Rock in Rio, um show bastante castigado pelas chuvas fortes que abateram o Rio - aqui achou o mesmo problema. Lá, sozinho no palco, ele usou bastante carisma e apostou em recursos de autotune. Agora, tinha uma espécie de dívida a pagar. Faria mais mais um show sozinho em um palco gigante como o Skyline? Não, ele trouxe a banda, uma grande banda, com um baterista gigante, violinista, violoncelista, guitarras e baixo. Ele chamou para o palco um fã chamado Daniel - cunhado de Sasha Meneguel - e pediu que ele tocasse o violão. Eles levaram um tempo até ajustarem o tom que iriam usar na música. Tudo muito estranho e rápido, com Malone se divertindo mais do que a própria plateia. LEIA MAIS SOBRE O SHOW
Demi Lovato e Luísa Sonza
Antes de subir ao palco, Luísa Sonza foi apresentada por Demi como “minha nova amiga”. A brasileira entrou com um desajeitado “faz barulho, The Town”. Luísa cantou Penhasco2 de olho fechado e abraçada ao microfone. Demi entrou com um português de dicção ainda iniciante, mas incrivelmente com palavras mais bem articuladas do que as da brasileira. Demi Lovato balançou a cabeça centenas de vezes e fez o show de rock mais pesado entre as atrações principais do primeiro. Demi deu grandes voltas na carreira e parece que foi parar em casa, à vontade. LEIA MAIS SOBRE O SHOW.
Racionais MC’s fez ‘o jogo do sistema’ com orquestra
Mesmo dentro de um festival como o The Town, que cobra R$ 815 o ingresso por dia, a voz de jovens que não podem entrar pelos bem guardados muros do Autódromo de Interlagos soava alto, representada por duas potências da periferia de São Paulo: os Racionais MC’s, maior grupo de rap do País, e a Orquestra Sinfônica de Heliópolis. Muita água caiu durante Negro Drama, com trovões e relâmpagos enquanto o telão mostrava nomes de jovens pretos assassinados na periferia. Era como se o grupo estivesse inserido em um “sistema” para combatê lo por dentro, e como se o céus respondessem a isso. LEIA MAIS SOBRE O SHOW
MC Hariel fez crítica afiada ao palco principal, onde cantou
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Antes de subir no palco, em entrevista ao canal Multishow, MC Hariel criticou a organização do evento pelo fato de terem “esquecido” de incluir “barraco de favela” na composição temática do palco, representando a cidade de São Paulo. O show com MC Ryan SP e MC Cabelinho foi aberto com Cracolândia, que fala sobre as drogas, a luta contra o vício e a dor das famílias que convivem com ele. Além das letras políticas, o trio explorou os hits que fazem sucesso nas redes sociais e falam de assuntos do cotidiano. Eles também homenagearam o colega MC Kevin. LEIA MAIS SOBRE O SHOW
Tasha & Tracie em ótima abertura com a ‘cobra’ Karol Conká
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O rap feito pela dupla feminina Tasha & Tracie, que inaugurou o palco The One, foi a cara de São Paulo. As irmãs fizeram uma marcante entrada em cima de lambretas e cantaram uma série de hits, nada tímidas, para um público ainda tímido. Contando com a ilustre participação da curitibana Karol Conká, um dos principais nomes femininos do rap nacional, elas também deram uma prévia de uma futura parceria com a mamacita, que usou uma roupa que reproduzia duas cobras no ombro - referência à sua participação desastrosa no BBB. LEIA MAIS SOBRE O SHOW.
Incêndio em ônibus do festival e caos na chegada
Um ônibus a serviço do festival pegou fogo no meio da Avenida 23 de Maio a caminho do festival, por volta das 17h. O fogo começou na parte de trás e assustou os passageiros, que pediram para que o motorista parasse o veículo.
Os passageiros tiveram de esperar 20 minutos até o motorista de outro ônibus a serviço do The Town oferecer carona até o festival. Segundo o Corpo de Bombeiros, nenhum passageiro ficou ferido durante o episódio. LEIA MAIS SOBRE O INCÊNDIO
Antes disso, os fãs enfrentaram trens superlotados e relataram espera de até duas horas na fila para entrar no festival. Por volta das 16h, no início do show de Hariel, Ryan e Cabelinho, o problema parece ter sido resolvido de uma vez, com uma multidão entrando ao mesmo tempo no festival.
Show de luzes ‘histórico’ virou anticlímax
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Planejado para ser um grande momento do primeiro dia, o show de luzes que começou no palco Skyline não empolgou a plateia, que assistiu à confusa apresentação de Ney Matogrosso sob a forte chuva que caía. As pulseiras distribuídas para o público do festival, algo difundido pela banda Coldplay, piscaram luzes coloridas de maneira bastante tímida. No céu, uma rápida queima de fogos que não empolgou ninguém. Sem entender nada, o público já posicionado para ver uma das grandes atrações da noite, Demi Lovato, começou a gritar “Demi, Demi, Demi”.
Depois, as pulseiras até fizeram bonito na plateia de shows principais, piscando em sincronia com hits de Post Malone e, claro, Demi Lovato. LEIA MAIS SOBRE O SHOW DE LUZES