O respeitável público da tradicional casa de concertos do Purcell Room, em Londres, bem que tentou manter a seriedade que a ocasião exigia. Mas às primeiras notas extraídas da cenoura e do alho-poró as gargalhadas se multiplicaram. Sim, cenoura no lugar da flauta, e alho-poró no do violino. No programa, um repertório de clássicos, executados pela Primeira Orquestra de Legumes de Viena. A orquestra foi formada por músicos que adoram a boa mesa. Na cozinha da casa de um deles, enquanto descascavam cebolas e picavam pimentões veio a idéia: Por que não tirar sons dos legumes? O resultado foram três apresentações no Purcell Room, nesta semana, e agenda cheia até abril em várias salas de concerto da Europa, além do lançamento de um segundo CD no mês que vem. Os próprios músicos escolhem seus "instrumentos", nas feiras das cidades onde se apresentam poucas horas antes de começar o concerto. O pimentão vira oboé, pepinos são transformados em trompetes, e abóboras, em tambores. Quando o pano sobe começa a execução. No início, diz Barbara Kaiser, uma das integrantes da orquestra formada há cinco anos, as pessoas riem, mas depois ficam quietas para ouvir. A maior surpresa para o público fica para o final. Terminado o concerto, os instrumentos-legumes vão para uma enorme panela, e um sopão é servido para quem pagou ingressos. Detalhe: um concerto da Orquestra de Legumes não dura mais que uma hora, afinal os instrumentos são muito perecíveis.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.