Entenda sucesso e polêmica de versões nacionais de hits estrangeiros, como ‘Love, love’, de Melody

Rihanna no forró, Pink no sertanejo, Chris Brown na bregadeira, Nelly Furtado no arrocha.... Conheça raízes e regras da reciclagem brasileira de músicas internacionais

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Por Geovana Melo
Atualização:

A melodia familiar e a letra desconhecida causam estranhamento inicial, mas logo no refrão as versões brasileiras de hits internacionais ganham o público. É o caso de Love Love, música lançada por Melody, Naldo Benny e Matheus Alves, na última sexta-feira, 16. A música saiu do ar na terça-feira (27).

A canção faz referência sonora a um dos maiores hits de Chris Brown, Kiss kiss, de 2007. A versão brasileira reúne 2,9 mi de visualizações no YouTube e ocupa o Top 50 do Spotify. Ela está longe de ser um caso isolado.

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O motivo oficial da retirada ainda não é claro, mas a canção continha uma interpolação (processo de usar peças de música existentes para criar uma nova composição) da canção Kiss Kiss, de 2007, do rapper norte-americano Chris Brown, que é creditado na versão brasileira.

A inclusão do nome no crédito indica que Chris Brown pode ter concedido permissão para o uso da canção - o que também não foi confirmado.

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No entanto, desde seu lançamento, a música tem sido acusada de plagiar Tu Vai Me Ver no Paredão de MC Thammy, que também se inspirou em Kiss, Kiss.

Não é a primeira vez que Melody se lança em trabalhos do tipo. Antes de Kiss kiss, ela emplacou outras músicas baseadas em hits gringos. Assalto perigoso tem letra escrita em cima da melodia de Positions, de Ariana Grande. Por causa de direitos autorais, a música foi retirada das plataformas digitais.

O mesmo ocorreu com o hit do carnaval 2023, Lovezinho, de Treyce, que faz parte desta leva. Depois de tocar pelos quatro cantos do Brasil, a música embalada pela melodia de Say It right, grande sucesso de Nelly Furtado nos anos 2000, foi retirada do ar.

Após o sucesso de Lovezinho, a editora da cantora canadense Nelly Furtado cobrou os direitos autorais pelo uso da melodia. No entanto, as artistas não entraram em um acordo.

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Gusttavo Lima também é conhecido por emplacar músicas adaptadas para o português. Recentemente, o sertanejo lançou, com autorização, Desejo imortal — inspirada em It must have been love, hit da banda Roxette lançado na década de 1980.

Interpolação

O recurso mais utilizado pelos artistas recentemente é a interpolação musical. O método refere-se ao ato de incorporar trechos de elementos musicais pré-existentes em uma nova composição musical.

“É uma técnica criativa que envolve a reutilização de elementos musicais de outras obras para agregar novos sons e significados à música atual”, explica Tayná Carneiro, diretora da Future Law, empresa de tecnologia e direito.

De acordo com o diretor artístico da editora Warner Chappell Brasil, Filippe Siqueira, essa é uma tendência no mercado musical. “Podemos dizer que no Brasil, nos últimos meses, virou sim um diferencial. Muitas músicas que tem figurado entre as mais ouvidas usam este artifício”, avalia.

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Versão x Sample x Interpolação

Filippe Siqueira, explica as diferenças:

  • Versão é quando a obra original é inteiramente regravada em outro idioma;
  • interpolação é a utilização de um trecho da melodia (não a gravação original) de uma composição existente em uma nova música. Quando acontece, deve ter uma citação do lado autoral, uma vez que a obra original está sendo utilizada em outra;
  • sample é a utilização do trecho do áudio (neste caso, a gravação original) de uma música já existente em nova obra.

Direitos autorais

A interpolação deve sempre ser creditada. “Em geral, é feito um acordo com os autores da obra que está sendo utilizada e eles normalmente passam a ter uma porcentagem de controle da obra nova, com a interpolação”, explica Filippe Siqueira.

Mas o correto é pedir antes, explica Tayná Carneiro. “Na interpolação, a legislação brasileira exige que seja obtida autorização prévia dos detentores dos direitos autorais originais para a utilização de trechos musicais em uma nova composição. Essa autorização normalmente é feita por meio de licenças específicas, que envolvem acordos financeiros e contratuais.”

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Prática antiga

Apesar dos lançamentos, o artifício tem raízes antigas em ritmos populares brasileiros, como o brega, o forró e o arrocha, e fez sucesso no início dos anos 2000.

O Calcinha Preta e a banda Djavú rodaram o Brasil, especialmente o Norte e o Nordeste, com hits em que reciclam canções de fora. No pop e no axe, Sandy & Junior e Ivete Sangalo também entraram no movimento.

Confira algumas versões:

Paulinha - Calcinha Preta

Inspirada em Without you, da Mariah Carey


Te quero amor - Banda Djavú

Inspirada em Hallo, de Beyoncé

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Diz pra mim - Gusttavo Lima

Inspirada em Just give me a reason, da P!nk


Em cada sonho (O amor feito flecha) - Sandy & Junior

Inspirada em My heart will go on, de Céline Dion

Quem de nós dois - Ana Carolina

Inspirada em La mia storia tra le dita, do cantor italiano Gianluca Grignani

Se quiser - Tania Mara

Inspirada em Anytime, de Kelly Clarkson

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Só dá tu - Raphaela Santos A Favorita

Inspirada em I got you, de Bebe Rexha

Se não valorizar - Aviões do Forró

Inspirada em Umbrella, de Rihanna


Sorte - Simone & Simaria

Inspirada em Lucky, de Jazon Mars e Colbie Caillat

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