A Virada Cultural volta a ocorrer nas ruas da capital neste sábado e domingo depois de dois anos de uma interrupção forçada por conta da pandemia. Espalhado por oito regiões da cidade – Butantã (zona oeste), Freguesia do Ó (zona norte), Parada Inglesa (zona norte), Campo Limpo (zona sul), M’Boi Mirim (zona sul), São Miguel Paulista (zona leste), Itaquera (zona leste) e o Vale do Anhangabaú – evento terá cerca de 300 atrações, entre shows, peças de teatro, espetáculos de dança e manifestações populares.
Com apresentações de nomes como Ludmilla, Gloria Groove, Diogo Nogueira, Planet Hemp, Arnaldo Antunes, Sidney Magal, a Virada deve receber, segundo expectativas da Secretaria Municipal de Cultura, organizadora do evento, um público circulante de 2 milhões de pessoas. Neste ano, não haverá o “palco principal” que, de certa forma, concentrava as atrações que atraíam um público maior – isso, de certa forma, também hierarquizava os shows. Também foram abolidos os espaços temáticos, como “brega” ou “cabaré”, presentes em edições anteriores do evento.
Sendo assim, na distribuição das atrações, o palco na região central, no Vale do Anhangabaú, receberá nomes como Vitor Kley, Margareth Menezes, Luísa Sonza e Planet Hemp. Os rappers Criolo e Filipe Ret terão espaço na zona norte, no bairro da Parada Inglesa. Na zona leste, em Itaquera, se apresentarão Gloria Groove, Rael, Djonga e Ferrugem. SESC. O Sesc SP, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, promoverá atividades em 15 unidades espalhadas pela capital.
Serão shows, exposições, peças de teatro e espetáculos de dança, tudo igualmente gratuito. Um dos grandes destaques dessa programação é o show que terá João Bosco e Guinga, no Sesc 24 de Maio (sáb., 20h e 23h; dom., 18h) que pela primeira vez farão juntos uma homenagem ao compositor Aldir Blanc (1946-2020), parceiro de ambos. Guinga conversou com o Estadão horas antes do ensaio para a apresentação, que contará ainda com a Banda Mantiqueira. Ele adiantou que, em seu roteiro, estarão músicas como Catavento e Girassol, Baião de Lacam, Lendas Brasileiras e Coco do Coco. Os arranjos serão de Nailor Proveta.
“Será um show histórico. E muito importante para mim, que não tenho todo tempo do mundo pela frente (Guinga tem 72 anos) para fazer isso outras vezes. Eu coloco Aldir entre os cinco grandes compositores brasileiros, ao lado de nomes como Noel Rosa, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Paulo Vanzolini.”
Guinga só acha improvável que ele e Bosco possam tocar algo exclusivamente juntos. “O João é capaz de ensaiar uma música de 3 da tarde até 11 da noite. E eu também. Somos perfeccionistas e detalhistas, como todo músico deveria ser. Cada um tem sua assinatura (no violão) e precisamos de um treinamento maior para tocarmos juntos. Na arte, a pressa realmente é a inimiga da perfeição”, explica.
Vitor Kley no Viaduto do Chá
Já às 18h de sábado, a abertura do palco Viaduto do Chá será feita por um dos artistas pop de maior projeção nos últimos anos. Vitor Kley vai abrir a Virada do Centro com um show de uma hora, e será seguido por Margareth Menezes, às 20h30, e Kevinho, às 23h. A programação deve seguir até às 17h30 de domingo com o início de um show muito esperado do Planet Hemp. A pedido da reportagem, Vitor Kley foi até o local do show na manhã desta quinta, 26, e falou com o jornal por mensagem, já que sua agenda apertada previa uma viagem logo depois das fotos que fez no Vale do Anhangabaú.
Aos fãs que estarão na plateia (só de ouvintes mensais no Spotify ele conta com 2.865 milhões), adiantou algo: “Esse nosso show está totalmente diferente de outro que tocamos em outra Virada. Fiz um álbum em plena pandemia, lancei singles novos com uma pegada mais rock e posso dizer que o show está incrível. Eu quero poder mostrar isso para o público e poder vibrar com ele”, disse, bastante empolgado.
Sobre o conceito do encontro depois de dois anos sem shows, ele falou: “Eu sinto que as pessoas estão se jogando mais, vivendo mais, dando mais valor à vida. E precisamos celebrar a vida. É isso que espero mesmo, e uma Virada Cultural tem um valor imenso. Confesso que, quando fechou esse show, fiquei muito feliz. É uma honra participar disso, e vamos entregar o show em nossa melhor forma”.
A Virada deste ano está menor no centro e mais espalhada pelos bairros fora dessa região. Assim, o Anhangabaú acabou se tornando o foco da esfera central. O lado bom é que, entre esse palco e os outros, na Praça das Artes e no Boulevard São João, a distância é curta. Dá para curtir por ali sem precisar andar muito.
COLABOROU JULIO MARIA
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