Vou ser prático com quem tirou um tempinho pra ler este texto e logo de cara já afirmo que, sim, valeu a pena a longa espera de 13 anos pela continuação de Avatar.
James Cameron manteve a excelência dos visuais que nos deixaram boquiabertos há mais de uma década e decidiu gravar todos os filmes da franquia ao mesmo tempo, assim todas as histórias serão amarradas e com estreias previstas para 2024, 2026 e 2028. Foi por esse singelo motivo que Avatar: O Caminho da Água chegou aos cinemas do mundo todo somente agora, em dezembro de 2022.
Nas mais de três horas de filme - que não são tão sentidas como nos últimos longas da Marvel - voltamos à magnífica Pandora para conhecer novos medos e desafios de Jake Sully e Neytiri. O casal agora toma conta de cinco crianças, Neteyam, Lo'ak e Tuktirey, os filhos biológicos, Spider, o 'garoto macaco', e Kiri, ambos adotados pela família líder da tribo Omaticaya.
Irritantes humanos e seus também irritantes aparatos tecnológicos de última geração estão novamente em busca da extração de riqueza vinda de Pandora. Por esse motivo, vemos os avatares azuis (que são conhecidos como insanos seres da floresta), se deparando com um novo clã de Na'vi, os Metkayina, avatares esverdeados totalmente adaptados para a vida submersa.
Nada tenho para reclamar do roteiro de O Caminho da Água - é um filme de aventura sem pontas soltas -, mas o trunfo aqui é o audiovisual. Cada mergulho criado pelo 3D perfeccionista de James Cameron é capaz de abrilhantar os olhos de crianças, jovens, adultos e até os mais velhos.
O diretor nos proporciona uma nova e excitante experiência cinematográfica ao conhecermos todos os seres subaquáticos do novo bioma explorado à exaustão em Pandora. Se você não sabia, para baratear os custos de uma produção feita com efeitos especiais, os diretores optam por entregar mais cenas durante a noite. O que vemos no novo Avatar é exatamente o contrário, riqueza de detalhes a todo o momento, gostinho de quero mais.
Ao mesmo tempo em que ficamos encantados com a beleza do movimento das muitas criaturas marinhas (especialmente o tulkun), o longa explora a intimidade dos personagens de maneira sutil e certeira. Você se pega interessado pelas particularidades de cada um deles, e se me permite dizer, se emociona com o desfecho da maioria.
Adoraria quebrar a minha cara, mas creio que Avatar: O Caminho da Água não deve chegar tão perto da bilheteria arrecadada por Avatar, que é a maior da história (2,922 bilhões de dólares). Não pela qualidade, que é inquestionável, mas por não ter o mesmo impacto de uma novidade, como foram os efeitos especiais sofisticados lá em 2009.
O que eu tenho certeza é que James Cameron vai continuar escrevendo a sua poderosa história na transformação do cinema com mais uma belíssima obra de arte.
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