Não é novidade para ninguém que Beyoncé está nesse ilustríssimo pódio há um bom tempo.
Mais de seis anos após o lançamento do seu último disco de estúdio, o consagrado LEMONADE, Queen B está de volta com RENAISSANCE, seu sétimo projeto solo e o primeiro de uma trilogia que deve ser lançada por completo até o fim deste ano.
E adivinha? Ela conseguiu se superar novamente. Beyoncé nunca esteve tão ousada, feroz, divertida e... gay.
Os temas político-sociais e a máxima vulnerabilidade que marcaram as canções de Beyoncé nos últimos anos, deram espaço para 16 faixas que fazem ode a uma pista de dança irrecusável.
Segundo comunicado da artista, ela dedicou os anos de pandemia para se libertar do conhecido perfeccionismo que acompanha o seu trabalho, deixando a criatividade fluir em potência máxima para se divertir criando um disco que também traria diversão ao público.
Mas é house? É música eletrônica? É música de boate? Miami bass? Como de costume, Beyoncé estendeu os limites da música pop e fez uma releitura de toda a cultura ballroom dos anos 70, 80 e 90, aliada às produções contemporâneas, e nos entregou um set de DJ primoroso do começo ao fim.
Todas as músicas se completam com transições espetaculares. De I'M THAT GIRL a SUMMER RENAISSANCE, a pista de dança está liberada para quem deseja se desvirtuar do caótico mundo que nos assombra lá fora.
A compositora coloca de volta a coroa das pistas nos artistas negros, celebrando quem, de fato, moldou e popularizou o estilo musical.
Além do sample de Show Me Love (1993) de Robin. S, no explosivo single BREAK MY SOUL, Beyoncé fez com que a já 'super' utilizada em hits disco, I Feel Love (Donna Summer) ganhasse uma nova e irresistível roupagem em SUMMER RENAISSANCE, que encerra o disco e te deixa na vontade de mais 16 faixas.
Um dos -muitos- pontos altos do RENAISSANCE, VIRGO'S GROOVE, é uma clara homenagem ao trabalho de Prince. Cá entre nós, uma canção, em pleno 2022, na era dos hits curtos do TikTok, que consegue crescer ao longo de sua duração e atinge o ápice em mais de seis minutos? Eu chamaria de desbunde sonoro.
O afrobeat é sentido na flor da pele em HEATED e em MOVE, com participação de Grace Jones. ALIEN SUPERSTAR é uma das mais criativas do álbum - dá pra imaginar o quanto Beyoncé se divertiu criando esse pop futurista interpolado com o clássico dos anos 90 I'm Too Sexy, de Right Said Fred.
CUFF IT é uma música extremamente chique. Quase que me senti na obrigação de preparar um Aperol Spritz para ouvi-la até o fim. E, talvez, não exista nada mais Beyoncé no novo projeto do que PURE | HONEY, um r&b classudo e extremamente pop, marcado pelos vocais puros da texana.
RENAISSANCE quebra o padrão dos mais recentes lançamentos da norte-americana e chegou nas plataformas de streaming sem nenhum visual, nem ao menos um videoclipe.
Segundo produtores envolvidos no projeto, como The-Dream, e o próprio site da gravadora Parkwood Entertainment/Columbia Records/Sony Music Entertainment, o conteúdo visual foi postergado e vai ganhar uma data de lançamento, sendo esse o momento para desfrutarmos da danceteria que nos foi apresentada nesta sexta, 29 de julho de 2022.
O RENAISSANCE é a celebração de Beyoncé sobre todas as suas referências do passado, todas que moldaram os seus projetos anteriores e a consagraram como a maior artista viva dos últimos tempos.
Eu não tenho hora para ir embora dessa festa. E vocês?
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