O apagão vai tomar conta da novela das 8 da Globo, Porto dos Milagres. O autor Aguinaldo Silva conta que começou a escrever hoje capítulos que vão girar em torno do racionamento de energia. "Ninguém vai querer apagar suas luzes e acabará faltando energia", explica. As primeiras cenas devem ir ao ar em um mês. Na história, a fictícia cidade de Porto dos Milagres vai amanhecer sob o impacto das novas ordens do prefeito Félix Guerreiro (Antônio Fagundes), ditando que todos terão de economizar energia. Para tanto, terão de manter suas casas no escuro, à noite. Os responsáveis pela Igreja não vão aceitar deixar o local às escuras, os policiais também não vão querer apagar as instalações da delegacia, e por aí vai. "Como não haverá economia, a luz vai sumir e, nessa noite, muita coisa vai acontecer", conta Silva. Na vida real, ele acha que pouco poderá fazer para contribuir com a economia de energia. "Só se eu passar a escrever em máquina manual, à luz de velas, e mantiver na minha porta uma carruagem para levar os capítulos para a emissora." Silva diz que, se o governo vier a adotar o racionamento por bairros, ele está disposto a trabalhar cada dia em um lugar diferente. "A novela não pode parar." O autor tem boas razões para apostar em temas políticos. Desde que inseriu na trama o senador baiano (Lima Duarte), comparado a ACM, a audiência média passou de 38 para 40 pontos. Na quinta passada, chegou a 48 pontos. Segundo ele, tudo o que vier a entrar na novela "não é inspirado em ninguém e em nenhum país em particular". "É tudo pura ficção", ironiza.
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