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A França marcha gloriosa por San Sebastián

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Por Rodrigo Fonseca
"Tax Me If You Can", .doc chamado "La (Très) Grande Évasion" no original, investiga os paraísos fiscais  Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Depois de ter brilhado nas premiações de Berlim e de Cannes, a França chega ao Festival de San Sebastián em múltiplas frentes, com fome de troféus, mobilizando ainda a seção de homenagens, com um tributo à atriz Juliette Binoche, e as zonas de retrospectiva da 70ª edição do evento espanhol, que celebra o legado do diretor Claude Sautet (1924-2000). A julgar pela força do boca a boca local, o preferido da crítica, entre os títulos em competição pela Concha de Ouro já exibidos, até agora, é "Le Lycéen", de Christophe Honoré. Consagrado como sendo um herdeiro de Jacques Demy (o diretor de "Os Guarda-Chuvas do Amor") no trono dos musicais franceses, estabelecido como um artesão do gênero, apoiado no prestígio de "Bem Amadas" (2011), Honoré sempre teve em Cannes um lar para seus filmes, mas preferiu deixar sua obra-prima para San Sebastián. Mais tocante (e mais potente) dos concorrentes à Concha de Ouro, este drama delicadamente fotografado por Rémy Chevrin acompanha a reconstrução afetiva de um adolescente (Paul Kircher, um vulcão), após a morte de seu pai. Entre relações sexuais viscerais com rapazes que se encantam por seu olhar triste e uma temporada com o irmão (Vincent Lacoste, o novo Jean-Pierre Léaud), o jovem tenta curar suas feridas. La Binoche também participa dessa produção, vivendo a mãe do protagonista. A França ainda emplacou u gol documental na seara dos títulos hors-concours, com o divertido "Tax Me If You Can" ("La (Très) Grande Évasion"), de Yannick Kergoat. É uma investigação feita na mais fina ironia sobre a evasão de divisas pelos paraísos fiscais. Seu roteiro é uma aula de bom humor e de reflexão econômica, utilizando com maestria recursos de animação e imagens de arquivo, mapeando eventos como a crise dos Panama Papers.

 

No fim de semana, San Sebastián ficou mobilizado com a passagem da aclamada realizadora parisiense Claire Denis, que veio projetar "Avec Amour et Acharnement", pelo qual recebeu a láurea de Melhor Direção na Berlinale, em fevereiro. É um painel afetivo da sociedade francesa em tempos de covid-19, a partir de um triângulo amoroso envolvendo uma radialista (Juliette, mais uma vez), seu ex-marido (Grégoire Colin) e seu atual companheiro (Vincent Lindon). "É um filme sobre a efemeridade da vida e a durabilidade da relação de um casal", disse Claire. No domingo, a Unifrance, órgão governamental da Cultura francesa responsável por fazer circular os filmes de seu país pelo mundo, organizou um coquetel em San Sebastián a fim de apresentar sua estratégia de difusão de longas. Uma das principais atrações do evento é "Peter von Kant", o mais recente trabalho do prolífico François Ozon. San Sebastián segue até o dia 24, quando "Marlowe", de Neil Jordan, encerra a programação.

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