Rodrigo Fonseca Ainda tem muito filme brasileiro daqui até 31 de dezembro, mas vai ser difícil algum superar a beleza do cartaz de Antes Que Eu Me Esqueça, uma atração obrigatória deste fim de semana, por aliar tônus dramatúrgico, lirismo e José de Abreu, ator que sempre merece reverência, por seu talento e por sua coragem. Não se deixe levar pela preguiça: é um dos melhores roteiros do ano, por sua simplicidade. De quebra ainda tem Dedé Santana em cena.
Coube ao veterano humorista a tarefa de viver o aposentado danandinho Gregório nesta dramédia de Tiago Arakilian cuja produção traz um toque do animador Carlos Saldanha. Midas por trás de Rio (2011) e da franquia A Era do Gelo (aberta em 2002), ele discutiu o roteiro e a edição com o cineasta. Na trama, o protagonismo fica com José de Abreu e Danton Melllo: o veterano astro paulista é um pai juiz que resolve investir suas rendas em um bordel; já o comediante mineiro vive um filho pianista clássico.
Há frases preciosas no scrpit escrito por Luisa Parnes. Ela oferece a Tiago diálogos enxutos, mas ricos de múltiplas emoções, na narrativa das peripécias do juiz Polidoro (Abreu, em seu melhor desempenho na telona desde os anos 1980) a fim de apoiar a reforma de uma casa de strip-tease em Copacabana. Caberá ao filho com quem ele não se dá há anos, o músico Paulo (Danton) ajudar seu velho, sobretudo na peleja contra o Alzheimer. A montagem é de Quito Ribeiro, que valoriza o tônus lacrimoso deste acerto de contas familiar. É Guta Stresser, no papel da garota de programa Joelma, quem oxigena as veias cômicas do longa, em uma atuação impecável.
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