Rodrigo Fonseca Disposta a fazer da 73ª edição da Berlinale (agendada de 16 a 26 de fevereiro) a mais potente de sua gestão, iniciada em 2020, a atual curadoria do festival alemão, formada por Mariette Rissenbeek e Carlo Chatrian, trouxe boas novas para sua seleção deste ano, nesta quarta-feira, tanto com o anúncio de uma eclética composição para seu time de juradas/os quanto, quanto com um adendo para a competição oficial. Agora, um 19º título passa a integrar a disputa pelo Urso de Ouro: o desenho animado chinês "Art College 1994", de Liu Jian. É uma narrativa histórica sobre a juventude de Pequim nos anos 1990, numa transformação daquela sociedade à luz da queda do Muro de Berlim e do fim da URSS. Sobre o júri, que é presidido pela atriz estadunidense Kristen Stewart ("Crimes of the Future"), a Berlinale formou uma leva de talentos para avaliar os concorrentes: a atriz iraniana Golshifteh Farahani; as diretoras Valeska Grisebach (alemã) e Carla Simón (catalã); a produtora de elenco, atriz e produtora americana Francine Maisler; e os diretores Radu Jude (Romênia) e Johnnie To (Hong Kong), sendo este último um mestre dos thrillers de ação.
Medalhões não faltam à caça ao Urso: a alemã Margarethe von Trotta vai concorrer com o drama biográfico "Ingeborg Bachmann - Reise in die Wüste", e o papa do ultrarromantismo francês Philippe Garrel brilha no páreo por troféus com "Le Grand Chariot", que tem suas filhas (Léna e Esther) e seu filho (Louis) no elenco. O cultuado diretor alemão Christian Petzold ("Undine") também vai testar sua sorte, ao concorrer com "Afire". Apesar da falta de cineastas nacionais na briga pelo troféu principal da Berlinale, há filmes brasileiros em diferentes mostras do evento, como o suspense pernambucano "Propriedade", de Daniel Bandeira, que entrou na mostra Panorama. Falando de nomes que vem se tornando grifes, na seara Shorts, a atriz carioca Karine Teles vai se destacar na telona do Berlinale Palast com "As Miçangas", de Rafaela Camelo e Emanuel Lavor, que pode sair de terras germânicas premiado. Apostando no espírito cronista da diretora Rebecca Miller, a Berlinale escalou o filme mais recente dela, "She Came To Me" - uma dramédia protagonizado por Peter Dinklage - como seu título de abertura.
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