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Brasil de Maya Da-Rin concorre em Locarno

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
"A febre", de Maya Da-Rin, representa o cinema nacional de longas na briga pelo Leopardo de Ouro do festival suíço  Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca Como homenagens programadas para honrar a trajetória de dois americanos - a atriz Hilary Swank e do cineasta John Waters - e com um trabalho inédito do (já) mítico diretor português Pedro Costa (o esperado "Vitalina Varela") como chamariz, o Festival de Locarno, na Suíça, vai abrir múltiplos espaços para o Brasil em sua 72ª edição, a começar por um longa-metragem de Maya Da-Rin em sua competição oficial. Agendado de 7 a 17 de agosto, a briga pelo Leopardo de Ouro vai contar com "A Febre", cuja sinopse promete ser uma delicada mirada da cineasta brasileira sobre a realidade amazônica. Na trama, Justino, um indígena viúvo de Manaus que ganha a vida como vigia de um porto de cargas, entra em um estado febril no momento em que o bairro onde mora é assolado pela presença de um animal selvagem. Maya teve sua estética exibida no exterior, em anos passados, graças à força plástica de "Terras" (2010).

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Vai ter uma dupla dose de Brasil na seleção de curtas-metragens Pardi di Domani, do festival mais importante da Suíça, com a animação "Carne", de Camila Kater (que traz Helena Ignez em seu elenco)e com "Chão de rua", de Tomás von der Osten. Vai ter ainda um exercício narrativo com duração de 23 minutos da dupla Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, chamado "Swinguerra", na seção Moving Ahead. E, numa seara de retrospectivas, a seleção de 47 produções ligadas à representação das populações negras, chamada Shades of Black, dá espaço para "Abolição", de Zózimo Bulbul (1988), e para "Amor maldito", de Adélia Sampaio (1984). Os dois integram uma sessão que revisa o legado de Spike Lee com uma exibição de "Faça a coisa certa" (1989), comemorando os 30 anos desse cult do debate racial.

É a diretora francesa Catherine Breillat, realizadora de "Romance" (1999) e "Para minha irmã" (2001), quem preside o júri da disputa oficial de Locarno, no qual Maya Da-rin vai disputar com Pedro Costa, de volta às telas com mais um périplo do universo luso-africano que retratou em "Cavalo Dinheiro", em 2014. Foi com esse último longa que o lisboeta recebeu o prêmio de melhor direção ali mesmo, em terras "locarnas". Seu regresso, antes intitulado "As filhas do fogo", adota a figura da afrodescendente Vitaliana Varela como bússola de um périplo por uma região de periferia lusitana, governada pela exclusão. Maya e Costa vão encarar concorrentes de respeito como o par de realizadoras búlgaras Mina Mileva e Vesela Kazakova - que assinam, a quatro mãos a produção "Cat in the wall" - e o estadunidense Joe Talbot, no páreo com "The last black man in San Francisco" (sensação de Sundance, em janeiro, onde ganhou o prêmio de Melhor Diretor). Concorrem ainda mais dois cineasta com Portugal no DNA: Basil da Cunha, com "O fim do mundo", e João Nicolau, com "Technoboss".

 

Dedicada a projeções de títulos potencialmente mais populares, a Piazza Grande de Locarno vai receber o ator americano Joseph Gordon-Levitt para apresentar o thriller "7500", sobre um avião tomado por terroristas. A direção é de Patrick Vollrath. Na mesma seleção, a Suíça vai ganhar uma sessão de gala de "Era uma vez em Hollywood", o novo Quentin Tarantino, que revive traumas históricos de 1969, tendo Margot Robbie no papel da atriz Sharon Tate. Brad Pitt e Leonardo DiCaprio brilham à frente do projeto, que explora a realidade da indústria audiovisual daquele ano.

Quem abre Locarno este ano será a italiana Ginevra Elkann, com o drama "Magari", e quem encerra será o japonês Kiyoshi Kurosawa, um mestre nipônico do horror, do suspense e da sci-fi, com o road movie "To the ends of the World". Ganhador da Palma de Ouro em Cannes, a comédia de erros "Parasita", do coreano Bong Joon-Ho, será exibida em projeção especial nas telas suíças, com um tributo a um de seus protagonistas, o ator Song Kang-ho.

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