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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Calcidis! André Carreira produz Mussum, o Filmis

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Rodrigo Fonseca Fabricar fenômenos comerciais com coeficiente poético e perfume de brasilidade vem se mostrando uma das especialidades do produtor mineiro André Carreira tanto em circuito - o que se viu em "Fala Sério, Mãe" e "Os Farofeiros" - quanto na streaminguesfera - comprovado com "Tudo Bem No Natal Que Vem" e "No Gogó Do Paulinho". Mas nesta sexta-feira, a Camisa Listrada, sua produtora, põe o ponto final das filmagens do que pode ser - até agora - "O" longa-metragem de sua milionária trajetória pelo audiovisual, não apenas pela possibilidade de prospectar multidões e levá-las a lotar cinemas, mas pelo que pode fazer (de bom) em prol das lutas antirracistas no país: "Mussum, o Filmis". É Carreira quem produz o biopic baseado nos feitos de Antônio Carlos Bernardes Gomes (1941-1994), o eterno trapalhão, ícone do riso e do samba, mangueirense de coração e estandarte das batalhas contra a intolerância com tiradas como 'Negão é teu passadis!'. O bordão "Cacildis!", que virou nome de cerveja, vai renascer nas telas na superprodução dirigida pelo ator Silvio Guindane a partir de um roteiro de Paulo Cursino. O livro "Mussum forévis: Samba, mé e Trapalhões", de Juliano Barreto, serve de farol ao projeto, que finaliza neste 11 de março, com cenas envolvendo um encontro entre o Mussum já adulto, encarnado por um Aílton Graça no apogeu do carisma e do talento, com o executivo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni (Augusto Madeira) em cenários que reproduzem os escritórios da TV Globo. Fotografado por Nonato Estrela, o longa de Guindane acompanha a vida de Antônio Carlos em três fases, sendo a infância dele encarnada por Thawan Lucas Bandeira, tendo Cacau Protásio como sua mãe, dona Malvina. A juventude, que abrange a fase militar e o arranque do grupo Os Originais do Samba ao lado de Elza Soares e de Jorge Benjor, traz o ator Yuri Marçal no papel central. Neusa Borges interpreta Malvina em sua fase final, com Aílton. Na entrevista a seguir, concedida num dos sets, no Teatro Carlos Gomes, Carreira dimensiona o quilate deste diamante pro Estadão.

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O que representa, simbolicamente, para o Brasil um projeto sobre o Mussum? André Carreira: A chance de a gente revisitar o Brasil dos anos 1940 aos anos 1980 a partir de um homem que venceu apesar de todos os conflitos raciais do país e que conheceu figuras como Grande Otelo, Elza Soares, Jorge Bejor, levando alegria para o nosso povo sem nunca abrir mão da relação com a pessoa que talvez tenha sido a força mais importante de sua vida: sua mãe. Pra mim, é a realização de um sonho. Ele é um ídolo para a minha geração, que virou meme, que virou nome de cerveja. Quando lancei "O Candidato Honesto", em 2014, lembro de ter falado com meu parceiro de criação, Paulo Cursino, meu roteirista, que seria bacana fazer um documentário sobre o Mussum. Mas já havia um projeto em andamento, feito pela Sussanna Lira. Mas um dos filhos do Mussum me sugeriu a fazer uma ficção sobre seu pai. E resolvi encarar esse desafio, que estamos finalizando agora. Não é um filme sobre os Trapalhões, nem sobre Os Originais do Samba. É um filme sobre Antônio Calos.Você confiou a direção de um projeto desse porte a um dos atores mais talentosos do país, Silvio Guindane, que emocionou o Brasil em sua participação, em 2020, no especial "Falas Negras", da TV Globo, mas que tem uma carreira curta como diretor. O que motivou sua escolha? André Carreira: Silvinho é um artista que carrega, desde criança, quando estreou, em "Como Nascem os Anjos" um olhar de cinema pro cinema e pro audiovisual. Ou seja: ele pensa imagem; ele pensa grande; ele pensa movimento; ele pensa em equipe. Roberto Santucci, que foi meu parceiro em muitos filmes, fez um longa com ele, antes de explodir em comédias populares: "Alucinados". Ele elogiou muito o desempenho do Silvio e me indicou seu nome, quando eu buscava cineastas negros para comandar o "Mussum", acreditando que era muito importante apostar num lugar de fala. Comprei a sugestão na hora. Santucci e Cursino, que escreve o roteiro, acreditavam no Silvio, e eu topei de cara. Sabia que a minha experiência na produção poderia equacionar qualquer possível questão de orçamento que a falta de experiência dele na direção - que, na prática é nenhuma - poderia ter. E tá dando certo.Como foi que a pandemia afetou sua produção? André Carreira: Lançamos grandes sucessos, "Carnaval", "No Gogó do Paulinho" e "Tudo Bem No Natal Que Vem", durante a pandemia, mas porque já estávamos com muita coisa rodada. Mas com a chegada da covida-19, ficamos sem rodar por um ano e três meses, vendo os custos fixos se manterem e pesarem. Foram tempos difíceis, mas a gente driblou na perseverança. Comecei no cinema em 1997, em BH, com "Amor & Cia", de Helvécio Ratton, que me ensinou muito. Corri atrás do sonho e estou aí.O que vem pela frente nos planos da Camisa Listrada? André Carreira: Temos pra lançar "Vizinhos", com Leandro Hassum e Maurício Manfrini, e "Depois do Universo", com Henry Zaga, João Miguel e muita gente boa.

Carreira nos sets  Foto: Estadão

Promessa de alegria, "Mussum, o Filmis" é uma coprodução com a Globo Filmes, Globoplay, Telecine, Panorama Filmes e RioFilme, e a distribuição é da Downtown Filmes, com previsão de estreia para 2023. Neste domingo, às 16h, quem quiser matar as saudades de Mussum no cinema pode ver "Os Trapalhões e o Rei do Futebol" (1986), de Carlos Manga (1928-2015), com Pelé, na TV Brasil.