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'Celebrazione' narra visita de Pasolini ao RJ

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Por Rodrigo Fonseca
Luiz Carlos Lacerda dirige Zulma Mercadante e Erom Cordeiro no set de "Celebrazione" - @fotos de Rodrigo Fonseca Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Tem uns quatro filmes do poeta Pier Paolo Pasolini (1922-1975) encontráveis no aplicativo da MUBI, a plataforma de curadoria humanizada: "Accattone - Desajuste Social" (seu longa de estreia, de 1961); "Comícios de Amor" (1964); a obra-prima "O Evangelho Segundo São Mateus" (Prêmio Espacial do Júri no Festival de Veneza, em 1964); e o doído "Édipo Rei" (1967). Ao mesmo tempo que esta seleção celebra o centenário do polêmico cineasta, uma produção brasileira com foco num momento peculiar de sua biografia nasce no Rio de Janeiro: "Celebrazione, O Filme". "Pasolini é a liberdade e é um signo da luta contra o fascismo, que morreu assassinado por seus ideais. Este filme é um buquê que oferto a ele e ao Rio, cidade que amo", diz o realizador e poeta, Luiz Carlos Lacerda, o Bigode. Ele rodou toda a parte de ficção desse projeto de sábado até segunda, onde rodou na Lapa e no Arpoador, ao lado do fotógrafo Matheus Lisbôa Matarangas. Sua narrativa operística corre em sintonia fina com o legado de um dos mais revolucionários criadores do audiovisual. Bigode conta a passagem do cineasta bolonhês que nos deu cults como "Os Contos de Canterbury" (Urso de Ouro de 1972) pelo Rio de Janeiro, na década de 1970, ao lado da cantora lírica Maria Callas (1923-1977). Zulma Mercadante vive Callas e Erom Cordeiro é Pasolini, numa produção de Cavi Borges, feita na guerrilha absoluta, calcada num crowdfunding (financiamento coletivo de doações espontâneas). "É cinema de guerrilha, pra prestar um tributo a um gigante libertário", diz Bigode, trocando com a diretora de produção, a atriz Carolina Dib, ideias sobre os bastidores de uma pequena produção, ainda em busca de recursos financeiros.

A Lapa de Pasolini Foto: Estadão

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As colaborações estão sendo feitas no PIX da Cavideo (o celular: 21-980130885) ou a conta bancaria (Bradesco - Agência: 1745-0 - Conta corrente: 0021495-7 - CAVIDEO PRODUÇÕES - CNPJ: 016663260001-15). O longa de Bigode, que tem no currículo documentários ("Casa9") e ficções ("For All - O Trampolim da Vitória"), é uma forma de apresentar a potência estética de Pasolini às novas gerações, com seus longas que transgrediam padrões morais desafiando a opressão numa obra (como cineasta) que vai de 1961 a 1975 - data em que foi assassinado. Multiartista, ele se apresentava como "escritor", tendo escrito poemas e peças e publicado livros seminais como "Amado Meu", lançado postumamente há 40 anos. "Existe uma amizade muito verdadeira entre Pasolini e Callas, em que ele sempre está ao lado dela e de sua dor, levando-a a fazer Medeis no cinema", diz Zulma, que solta a voz na pedra do Arpoador, recriando a diva do canto. Erom circulou pela Lapa, na última segunda-feira, usando os tradicionais óculos escuros do cineasta, passeando pela Rua Gomes Freire e pela Rua do Rezende. "Eu fiz um texto do Pasolini no teatro e sinto, agora, que existem muitas pessoas dentro dessa pessoa, desse artista, que eu encarno agora", diz Erom. "Um artista que se posicionou com coragem e viu os ideiais fascistas darem lugar ao cosumismo".

p.s.: Depois de grande sucesso no Rio e sessões lotadas, o projeto Beatles Para Crianças volta à cidade para apresentar "A Misteriosa Viagem Mágica", nestes sábado e domingo, no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea. Com texto e direção de Fabio Freire e Gabriel Manetti, o espetáculo convida o público para uma viagem intergaláctica, com paradas nos planetas Vermelho, Azul e Maluco, em buracos negros que precisam ser iluminados com as lanternas dos tripulantes e até nas proximidades de onde mora o terrível Comedor de Sons, um monstro que odeia barulho e faz com que o público tenha que ficar imóvel e em silêncio. Este é o terceiro espetáculo do projeto, após o sucesso dos anteriores "Meu Primeiro Show de Rock" e "A Bagunça Continua!".

p.s.2: O drama "Onde está Liz dos Santos?" volta ao cartaz para quatro apresentações: no Teatro Firjan SESI Jacarepaguá (20 e 21/10) e no Teatro Firjan SESI Caxias (27 e 28/10). A peça reflete sobre as relações de poder nas sociedades autoritárias e a memória e força das vítimas nas narrativas históricas. Com texto de Beatriz Malcher e direção de Tatiana Tiburcio, o espetáculo acompanha o desaparecimento de uma artista engajada politicamente numa cidade dominada por milicianos. A obra foi escrita durante a 6ª turma do Núcleo de Dramaturgia Firjan SESI, coordenado por Diogo Liberano. "Estamos em um momento de repensar as narrativas históricas e recuperar a memória das vítimas. Li bastante sobre milícia para construir a trama, mas a peça parte de um ambiente dominado por esse grupo para refletir sobre as posturas autoritárias, violentas e fascistas que fazem parte da história do Brasil e do mundo. De tempos em tempos, essas posturas ficam mais afloradas", avalia Beatriz.

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