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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Com 'Asteroides', Vicente Duque Estrada leva corpos celestes ao Estação Botafogo

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Por Rodrigo Fonseca
Em "Asteroides", que o Estação Net Botafogo exibe às 19h, o videoartista e documentaista Vicente Duque Estrada reflete sobre o universo visual que se descortina em volta de um telescópio  

Rodrigo Fonseca Ganhador do troféu humanista Margarida de Prata pelo .doc "Marcos Medeiros Codinome Vampiro" (2018), um dos expoentes da videoarte no Rio de Janeiro, Vicente Duque Estrada, vai passar as horas finais deste domingo entre as estrelas (e outros corpos celestes) ainda que num sentido figurativo... e reverente à sua trajetória. Desde sábado, o Estação NET Botafogo dedica sua telona à uma retrospectiva do cineasta e artista visual, a fim de comemorar seus 60 anos de vida e 40 de carreira, incluindo seu longa mais recente, "Asteroides", que olhara para o alto... e avante... em busca de compreender a construção do olhar da astronomia praticada em nossas telas. Devotado neste momento ao projeto "É Só Olhar", um filme sobre um pintor de São Pedro da Serra (Marco Vinícius de Palma), Estrada exibe essa produção neste domingo, às 19h. Às 21h, ele dá espaço aos curtas de suas oficinas. "No processo de 'Asteroides', passei quase seis meses convivendo com cientistas antes, realmente de o filme começar, apesar de ter filmado algum material previamente. Não uso mais roteiro em meus documentários, por preferir começar de um processo orgânico. Nesse caso, quando o filme começa, eu já tenho um entrosamento com aquelas pessoas e elas já não se importam que estejam sendo filmadas, pois já se acostumaram comigo, já sabem o que eu estou fazendo ali, já confiam em mim", diz Estrada, diretor da pérola "Muito Prazer, Walter Firmo", de 2009, que nasceu de um convite de Zeka Araújo para registrar os olhares de uma lenda da fotografia sobre o real.

O cineasta e artista visual completa 60 anos de vida e 40 de carreira  

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Seu método de escuta favorece o inusitado, que é uma ave rara do cinema, afoita por fazer ninho em narrativas documentais. "Tenho muito que agradecer àquelas pessoas que não me conheciam e me aceitaram durante dois anos acreditando que aquela maluquice toda, sobre um observatório, ia realmente virar um filme", diz Estrada, que deu oficinas na Rocinha. Egresso dos bancos escolares e ateliês do Parque Lage, Estrada estudou pintura, escultura, teatro de bonecos, educação artística, aprendendo como gigantes como Celeida Tostes, Ilo Krugli, Augusto Rodrigues, Teresa Miranda e Marilia Rodrigues. "Na questão do pertencimento histórico, eu me sinto muitas vezes como um dinossauro, pois vi o aparecimento desses equipamentos rudimentares de vídeo, como umatic e VHS, além dos primeiros computadores com suas telas de fósforo verde. Vi as primeiras ilhas híbridas que eram meio computador, meio gravador com fita magnética", diz Estrada. "Fui da Pré-História à era espacial".

p.s.: Neste domingo, às 20h, a dubladora Miriam Ficher vai falar sobre sua arte de atuar no Instagram, numa live que receberá a presença de estrelas de sua profissão - tão essencial pra nossa alfabetização audiovisual. É @miriamficher. O papo promete ser um aulão de uma das vozes mais preciosas de nossa dublagem, famosa por ceder seu gogó a Nicole Kidman e Angelina Jolie. No sábado, ela fez um bate-papo primoroso com seus fãs nas redes sociais. A conversa desta noite é uma forma de levantar recursos para uma operação do (igualmente genial) ator em dublagem Ettore Zuim, a voz de Christian Bale na franquia "Batman" (2005-2012). Ettore se encontra hospitalizado. Quem puder contribuir deve acessar o PIX: ettorezuim@gmail.com. Ele super merece. E Miriam merece todos os aplausos do país. Seu desempenho - ético e estético - é um primor.

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