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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Liam Nesson e Neil Jordan nas telas

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Por Rodrigo Fonseca
Thriller noir, "Sombras de um Crime" ("Malowe") marca a volta do cineasta Neil Jordan em duo com o ator Liam Neeson - Foto: Open Road

RODRIGO FONSECA Elogiado por seu talento gigante na última Berlinale, em fevereiro, quando a homenagem a Steven Spielberg trouxe "A Lista de Schindler" (que está completando 30 aninhos) de volta à ribalta, o irlandês Liam Neeson chegou aos 70 anos preservando o desejo de se manter na persona de "Charles Bronson do Século XXI", que assumiu em 2008, com o fenômeno popular da franquia "Busca Implacável". Hoje, segue alternando seu tempo entre títulos mais comerciais (caso de "Legado Explosivo" e "Agente das Sombras") com iguarias como "Thug", do norueguês Hans Peter Molland, previsto para estrear em Cannes. É nessa seara dos thrillers mais sofisticados que se encaixa "Sombras de um Crime" ("Marlowe"), agendado para estrear nesta quinta-feira. Há que se destacar um dado crucial sobre o longa, lançado mundialmente no encerramento do Festival de San Sebastián, na Espanha, em setembro: sua direção é assinada por Neil Jordan. Juntos, Liam e Neil ganharam o Leão de Ouro de Veneza de 1996 com "Michael Collins - O Preço da Liberdade". Antes disso, o cineasta foi badalado por "A Companhia dos Lobos" (1984). ganhou notoriedade com produções perfumadas a fragrâncias hollywoodianas como "Entrevista com o Vampiro" (1994).

 

Seu novo filme está conectado diretamente, na genealogia cinéfila, com "The Long Goodbye" (1973), cult de Robert Altman, aqui chamado de "O Perigoso Adeus". Se você não conhece, trata-se de uma aula de atuação de Eliott Gould, que tinha um tônus existencial de crônica moral sobre a derrota. Esse mesmo espírito põe "Sombras de um Crime" de pé e o faz operar muito bem como narrativa de ação. Na tradição do noir, é um exercício um tanto ressacado, sem frescor, mas eficaz. É como se o realizador do rascante "The Crying Game - Traídos Pelo Desejo" (1992) tivesse oferecido sua estética (ainda exuberante) aos algorítimos usados no feijão com arroz que Neeson anda fazendo em sua porção Rambo. É uma porção que mobiliza plateias, lotas cinemas e forma legiões de fãs. Mas nem sempre é um filão com espaço para que o ator ouse. Nem sempre... No entanto, a combinação entre ele e Jordan renova a cartilha policialesca.

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Dublado no Brasil pelo genial Armando Tiraboschi, Neeson encarna o detetive de aluguel catapultado para ao estrelato, na prosa policial, a partir de 1939, na prosa de Raymond Chandler (1888 -- 1959). Mas a fonte primária deste roteiro adaptado filmado por Jordan não é Chandler, e sim, uma homenagem a ele. Sua matéria dramática vem do romance "The Black-Eyed Blonde", lançado pelo aclamado John Banville ("O Mar") sob o pseudônimo de Benjamin Black, em 2014. Nas páginas desse tenso livro, ele revive o Marlowe de Chandler nos anos 1950, tornando-o um cruzado da justiça cansado da maldade humana. Casando, mas não menos brutal. Uma herdeira de um estúdio de cinema, Clare (Diane Kruger), filha de uma milionária excêntrica (Jessica Lange), faz uma oferta a Marlowe para que ele a ajude a encontrar um homem com quem vive um affair. O sujeito anda sumido. Mas o tal sumiço encobre um enredo que envolve políticos, clube de sexo e uma relíquia em forma de sereia. Na requintada fotografia de Xavi Giménez, esse narrativa ganha autonomia da palavra para investir numa vertigem hitchcockiana, apoiada no carisma vívido de Neeson.

p.s.: A atriz Wanderlucy Bezerra cresceu em uma cidade do interior de Pernambuco, com muito carinho das duas mães adotivas que teve, mas desde cedo conheceu as adversidades da vida: "pobre", "nordestina", "adotada", "dentuça" e "feia" foram alguns dos muitos adjetivos recebidos na infância. Teve momentos de tristeza e depressão, mas nunca deixou de sonhar com dias melhores e em construir uma carreira de atriz. E é nessa mistura agridoce de uma vida de conquistas e adversidades que ela escreveu "A Filha da Virgem", monólogo autobiográfico em que atua sob direção de Sandra Calaça e Leo Carnevale e supervisão de Luiz Carlos Vasconcelos. Depois de algumas apresentações no ano passado, a peça faz sua primeira temporada no Teatro Candido Candido Mendes, em Ipanema, de 04 a 26, com debates após as sessões com a participação de psicólogos, psiquiatras, terapeutas e outros especialistas. O espetáculo tem patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ 2.

p.s.2: Sensação do Festival Varilux de 2018, "O Último Suspiro" ("Dans La Brume"), de Daniel Roby, com Olga Kurylenko e Romain Duris, será exibido nesta segunda, na TV Globo, após o "BBB", na "Tela Quente", às 23h45.

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p.s.3: Com direção de Patricia Selonk, o musical "Outras Marias", faz quatro apresentações, no Teatro da UFF, de 30 de março a 02 de abril. O espetáculo nasceu de pesquisa da atriz e cantora Clara Santhana, nascida em Niterói, que vive Clara Nunes no palco há 10 anos e dá continuidade ao seu trabalho sobre a trajetória de mulheres fortes. Com texto de Márcia Zanelatto, a peça relembra a trajetória de luta e liberdade de sete mulheres: Maria Padilha de Castela, Maria Quitéria, Maria Felipa de Oliveira, Maria Doze Homens, Maria Bonita, Maria Navalha e Maria Mulambo.

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