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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Nelson Pereira dos Santos e Godard sob os holofotes da mostra Cannes Classics

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Por Rodrigo Fonseca
O diretor Nelson Pereira dos Santos em clique de @Dida Sampaio, do Estadão: uma vida de cinema consagrada com indicações à Palma de Ouro e ao Urso da Berlinale  

RODRIGO FONSECA Indicado três vezes à Palma de Ouro e laureado com o Prêmio da Crítica na Quinzena de Cineastas de 1984 por "Memórias do Cárcere", o pai do audiovisual moderno em nossas telas, Nelson Pereira dos Santos (1928-2018) vai mobilizar o Festival de Cannes mais uma vez, agora postumamente, com a projeção de um documentário que celebra seu legado na reflexão da brasilidade. Onze anos depois da emocionante projeção de "A Música Segundo Tom Jobim" (2012) - então em estreia mundial - na Croisette, o mais prestigiado evento de autoralidade cinematográfica do planeta vai rever uma trajetória lendária, indicada quatro vezes ao Urso de Ouro na Berlinale, consagrada com Kikitos e Candangos, imortalizada com uma cadeira e um fardão na Academia Brasileira de Letras (ABL). Agendada de 16 a 27 de maio, começando com a exibição de "Jeanne du Barry", da diretora Maïwenn, a maratona cinéfila francesa inclui em seu Cannes Classics o .doc "Nelson Pereira dos Santos - Vida de Cinema". Assinam a direção a professora da UFF Aída Marques e a produtora Ivelise Ferreira, viúva de realizador e sua parceira por anos a fio. O projeto foi anunciado pela primeira vez em 2020, em plena pandemia, referindo-se a uma narrativa com base em entrevistas deixadas pelo diretor de "Rio 40 Graus" (1955) ao longo de sua carreira, numa cartografia das resiliências culturais do país. "Tudo dá filme, basta saber olhar", disse Nelson em uma de suas derradeiras entrevistas ao Estadão.

"Vidas Secas" concorreu em Cannes em 1964 - Foto: @Acervo IMS

Há pérolas de Nelson espalhadas pelos streamings, que revelam sua importância pra invenção de um cinema moderno no Brasil. No Globoplay, tem "Rio 40 Graus"(1955); seu irmão caçula, "Rio Zona Norte" (1957); "Vidas Secas" (laureado em Cannes, em 1964, com o Prêmio Humanitário da Organisation Catholique Internationale du Cinéma et de l'Audiovisuel); o já citado "Memórias do Cárcere" e o extraordinário "Tenda dos Milagres", indicado ao Urso de Ouro da Berlinale, em 1977, e laureado com o troféu Candango de Melhor Filme e Melhor Direção. É um dos melhores filmes do realizador, com Hugo Carvana tinindo de ironia no elenco. Na Amazon Prime, ele comparece com "Boca de Ouro" (1963), uma releitura de Pereira dos Santos para a saga de Nelson Rodrigues (1912-1980) sobre o D. Corleone de Madureira. Na mesma plataforma, é possível ver o thriller "Brasília 18%" (2006), com Carlos Alberto Riccelli.

A aula de semiótica "O Desprezo" celebra 60 anos, com sessão na Croisette e no Estação NET Botafogo - Foto: @Unifrance

Na mesma seção de Cannes que projeto o .doc de Aída e Ivelise, haverá um tributo póstumo a Jean-Luc Godard (1930-2022) com a exibição de "O Desprezo" (1963) e uma projeção chamada de "Film Annonce Du Film Qui N'Existirá Jamais: 'Drôles de Guerres'", construído a partir de anotações e de um roteiro deixado pelo realizador. Vale lembrar que está rolando homenagem a Godard no Estação NET Botafogo, no Rio, que exibe esta noite, às 21h10, "O Desprezo" (1963), que comemora 60 anos de estreia. Esse cult também estará nos Classics de Cannes. Na mesma seção passa uma cópia restaurada do imperdível "O Ferroviário", de Pietro Germi (1914-1974), e de "Calígula", num corte original feito a partir do polêmico longa de 1979. Na seção Cinéma a la Plage, Cannes relembra os 50 anos da morte de Bruce Lee (1940-1973) ao exibir "O Voo do Dragão", com Chuck Norris.

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