Rodrigo Fonseca Em meio à saudade que a gente sente de Carlos Reichenbach (1945-2012), que partiu há dez anos, sem pedir licença à nossa saudade, o festival Doclisboa, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, vai realizar uma retrospectiva completa do realizador, que foi um dos pilares do Cinema Marginal (aka Cinema de Invenção), em outubro. Este importante movimento cinematográfico, juntamente com o Cinema Novo, teve origem na década de 1960, a partir da região da Boca De Lixo, em São Paulo, no auge da repressão da ditadura militar, como uma resposta à instabilidade vivida no país. Vanguardista, Carlão (como era chamado) explorou diferentes gêneros e estéticas entre o thriller, o drama erótico e o cinema experimental. Sua heterogeneidade estilística foi essencial para preservar a liberdade criativa que lidava com as situações sociopolíticas e econômicas, definindo sua obra como um gesto de revolta contra o mundo estabelecido. Paralelamente ao evento luso, o Canal Brasil realiza, às quintas-feiras, à 0h30, uma exibição dos grandes filmes do realizador. Nesta quinta tem "Dois Córregos" (1999), com Carlos Alberto Riccelli em seminal atuação, e o cult "Garotas do ABC" (2003), com Selton Mello no papel de um integralista de sanha intolerante.
p.s.: Nesta quarta, às 20h0, o Estação Net Rio, em Botafogo, promove uma projeção em 35mm, seguida de debate, de "Leila Diniz" (1987), de Luiz Carlos Lacerda, o Bigode.
p.s.2: Produtor de pérolas antirracistas de sucesso como "Corra!" (2017) e "Infiltrado na Klan" (2018), Jason Blum será homenageado pelo 75º Festival de Locarno, onde receberá o troféu Raimondo Rezzonico, pelo conjunto de sua obra. O evento vai de 3 a 13 de agosto e promoverá tributos à diretora Kelly Reichardt e à artista visual e compositora Laurie Anderson.
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